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Sem esgotos e água canalizada: risco de doenças infecciosas é "sentença de morte lenta" em Rafah

Como previsto pelas Nações Unidas nos primeiros meses de guerra, além dos bombardeamentos, as doenças infecciosas e a falta de condições de salubridade são cada vez mais as causas de morte entre a população de Gaza.

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Rafah é um dos territórios mais sobrepovoados do mundo: mais de 2 milhões de pessoas concentradas numa área de dimensões semelhantes ao concelho de Sintra, sob bombardeamentos constantes há quase oito meses. Setenta e cinco por cento, ou seja, 1 milhão e 700 mil pessoas, sobrevivem de forma precária em tendas, deslocadas das suas habitações, muitas das quais já foram destruídas. Estão sujeitas à contaminação do lixo, devido ao colapso dos sistemas de esgoto, canalização de água e eletricidade.

Famílias inteiras são obrigadas a conviver com bombardeamentos diários, muitas delas com várias crianças, as maiores vítimas da guerra. As autoridades locais registam aproximadamente 36 mil mortos, entre os quais 9.500 são mulheres e 15 mil são crianças.

Excluídos desses números estão aqueles que não conseguem ser retirados dos escombros dos edifícios desabados. Conforme previsto pela Organização Mundial de Saúde, desde os primeiros meses da guerra, o risco de morte chega cada vez mais das epidemias, subnutrição e da falta de acesso a cuidados de saúde.

A menos que a morte chegue de repente, sob a forma de um bombardeamento, a população de Gaza está cada vez mais sujeita ao risco de doenças infecciosas, que, juntamente com a falta de medicamentos e alimentação, podem representar uma sentença de morte lenta.

O Tribunal Internacional de Justiça das Nações Unidas ordenou o fim das hostilidades, sob pena de Israel ser acusado de genocídio. Telavive reafirma a intenção de avançar sobre o extremo sul do território, em Rafah, contrariando o que diz a comunidade internacional, incluindo seu principal aliado, os Estados Unidos.