A polémica sobre o envolvimento de uma consultora privada na elaboração do plano de emergência do Governo para a saúde, lançada sábado pelo secretário-geral socialista, dominou, este domingo, a campanha eleitoral para as europeias de 9 de junho.
Pedro Nuno Santos questionou no sábado o Governo sobre se alguma empresa privada na área da consultoria esteve envolvida na elaboração do plano de emergência para a saúde, como foi contratada e a que informação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) teve acesso.
Um dia depois de ter pedido ao Governo para esclarecer a questão e de o ministério ter admitido que contratou uma consultora privada para "organizar e estruturar" o trabalho da 'task force' responsável pelo plano, Pedro Nuno Santos voltou ao tema por considerar que ainda faltam esclarecimentos.
Pedro Nuno Santos, que falava numa ação de campanha na Festa da Cereja, em Resende, distrito de Viseu, ao lado da cabeça de lista do PS, Marta Temido, disse querer saber se a consultora teve acessos a "dados muito sensíveis" de doentes e por patologias e por região.
Numa nota enviada à Lusa, o gabinete da ministra da Saúde explica que "para organizar e estruturar os contributos/trabalho da 'task force' foi contratada uma consultora privada, a IQVIA Solutions, que faz parte da bolsa de consultoras que tem trabalhado com o universo Ministério da Saúde nos últimos anos".
Matéria "não tem pés nem cabeça"
Confrontado com as questões colocadas pelo líder socialista, o primeiro-ministro, Luís Montenegro respondeu que a matéria "não tem pés nem cabeça".
"Isso não tem pés nem cabeça, não tem pés nem cabeça. Eu não vou estar a falar sobre isso agora, mas não tem pés nem cabeça, essa acusação", disse Luís Montenegro aos jornalistas, após votar antecipadamente em Espinho, no distrito de Aveiro.
Em reforço da exigência de esclarecimentos de Pedro Nuno Santos, Marta Temido rejeitou que a secretaria-geral do Ministério da Saúde tenha feito contratos com entidades privadas enquanto foi ministra, porque quem conhece bem o setor "não compra a terceiros".
"O Ministério da Saúde, através da Secretaria-Geral, que é a entidade que realiza as aquisições, não realizou contratos com consultoras privadas. Agora quando se diz universo da saúde, que foi o que foi referido, terá de se questionar o vasto universo da saúde", referiu Marta Temido.
IL considera assunto uma "questão menor"
Para o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, a polémica sobre a consultora privada é uma "questão menor" e uma forma do secretário-geral do PS "retomar a agenda que tem perdido".
Em Almada, Setúbal, o líder liberal desvalorizou a questão e referiu que o que o preocupa é o plano de saúde em si e não propriamente se foi paga uma determinada importância a uma consultora para organizar informação.
CDU diz que polémica contribui para "desviar a campanha"
O "número um" da lista da CDU, João Oliveira, também entrou na polémica, considerando que a celeuma contribui para "desviar a campanha do que é essencial e central".
Numa arruada no centro de Setúbal, acompanhado pelo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, João Oliveira disse esperar que o eleitorado perceba que "enredar a campanha eleitoral em questões como essas contribui para desviar aquilo que é essencial e central, nomeadamente as questões dos salários, das reformas, da saúde e da habitação".
Mais tarde, já na Baixa da Banheira, distrito de Setúbal, o "número um" da CDU, João Oliveira, visou o BE.
Num almoço com membros de organizações representativas dos trabalhadores (ORT), João Oliveira defendeu que a CDU é a única força que concorre às europeias que defende a valorização do trabalho e dos trabalhadores e, embora sem nomear diretamente o BE, considerou que "faltou força nas pernas" aos bloquistas na defesa dos trabalhadores em Estrasburgo, ao aprovarem uma diretiva sobre salários mínimos que foi "logo aplaudida pelas confederações patronais".
BE desvaloriza questão
Em Lisboa, à margem de uma ação de campanha na Quinta das Conchas, em Lisboa, a cabeça de lista do BE, Catarina Martins, desvalorizou a polémica e visou o plano de emergência.
"O pior problema é que o plano é mau. Eu acho mesmo que essa é mesmo a grande questão. Contratando ou não contratando, o Governo fez um mau plano e pelos vistos a empresa privada que contratou foi copiar o que já tinha feito o governo do PS. É fraquinho", afirmou.