O plano de Saúde do Algarve para enfrentar o verão está fechado a sete chaves. A falta crónica de médicos e enfermeiros tornam difícil enfrentar o pico da chegada de turistas e, se nada for feito, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses antevê um período problemático no acesso às urgências na região.
Aos enfermeiros de centros de saúde e de hospitais já se pede disponibilidade para assegurarem os mais 30 postos de praia, à beira de entrarem em funcionamento.
É um apelo ao regime de trabalho extraordinário para garantir esta necessidade estival. Numa unidade local de saúde, onde o sindicato conta a falta de 500 enfermeiros, a estratégia para enfrentar a chegada dos turistas de verão vai-lhes parecendo um esticar de uma manta curta.
Além da falta de enfermeiros, o Algarve sofre ainda da crónica carência de médicos. Cerca de uma centena, só nos hospitais.
É fácil perceber que o que não funciona para meio milhão de algarvios, dificilmente vai funcionar para um número de utentes que triplica quando os da casa querem também tirar férias.
Desde logo as urgências pediátricas e de obstetrícia, que vêm abrindo e fechando ao sabor dos buracos nas escalas de serviço.
Urgência de Faro está a receber cerca de 400 utentes por dia
Não se espera que melhore durante o Verão, a par do aumento da pressão sobre os demais serviços. Ainda nem estamos no pico da estação e já a urgência de Faro está a receber cerca de 400 utentes por dia. A do Centro de Saúde de Albufeira, outros 300.
A ministra da Saúde ainda esta semana teve um vislumbre do que se espera. E, ao fim de mais de quatro horas de reunião, deu a entender que o plano para enfrentar este período pode bem ficar-se por pedir ainda mais aos que aqui garantem resposta todos os dias.
Atrair equipas de outras partes do país tem trazido poucos resultados. No último verão, foi necessária a intervenção da direção executiva do SNS para mobilizar desde o Norte clínicos que assegurassem a pediatria em Portimão.
Os sindicatos pedem outra abordagem que vá além de andar de contingência em contingência.
Também se espera dificuldades na resposta de ortopedia, com as escalas de serviço a parecerem uma manta de retalhos, mas a ministra diz que há um plano mesmo que não diga qual.