A poucos minutos das 10 da manhã desta sexta-feira em algumas das principais urgências de Lisboa e Vale do Tejo os tempos de espera ultrapassavam em mais do triplo o recomendado.
Esta é uma situação que está a afetar vários unidades hospitalares. No caso do hospital Beatriz Ângelo, em Loures, um doente a quem é atribuída a pulseira amarela, ou seja é classificado como urgente, pode ter esperar mais de 10 horas para ser atendido. Um tempo que ultrapassada 10 vezes o que é recomendado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), que seria de apenas uma hora.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) antecipa um junho complicado nos serviços de urgência do país.
"Obviamente que nesta altura em que vamos ter férias, portanto as equipas deviam ser reforçadas e não desfalcadas. A responsabilidade é inteiramente dos sucessivos ministérios da Saúde que nada fizeram para haver mais médicos no Serviço nacional de Saúde. Portanto, o que pode acontecer é que poderá haver constrangimentos ainda maiores com estas longas horas de espera, sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo", conta Joana Bordalo e Sá da Federação Nacional dos Médicos.
Apesar de mais significativos em Lisboa e Vale do Tejo, os constrangimentos nas urgências são transversais a todo o país. A falta de médicos continua a impedir o assegurar das escalas.
"Isto porque o anterior ministério da saúde, e este atual, nada fizeram para acautelar mais médicos no SNS nas várias áreas, seja ao nível dos cuidados de saúde primários, seja a nível hospitalar, seja ao nível dos médicos de saúde pública. E tudo isto é necessário para que o Serviço Nacional de Saúde funcione como um todo e, também, consiga garantir serviços de urgência com equipas completas e motivadas para atender a população", explica Joana Bordalo e Sá.
Além dos longos períodos de espera, há unidades a fechar, como é caso da urgência obstetrícia de Almada, que encerra já na próxima quinta feira devido à falta de médicos Aos encerramentos junta-se a falta de informação sobre as urgências desta especialidade. A partir deste mês, os mapas passam a estar apenas disponíveis através da linha SNS 24.
"Ocultar a informação ainda pode complicar mais a situação porque as grávidas, uma população tão sensível, ficam na dependência de uma linha telefónica para saber onde se dirigir. É evidente que nada disto aconteceria se todos os serviços tivessem abertos, com equipas completas, a funcionar em pleno. Em que as grávidas, também, nunca teriam de se deslocar vários quilómetros para serem atendidas", explica a presidente da FNAM.
O fim de semana prolongado em todo o país, com o feriado de 10 de junho, será mais um teste à resistência das urgências que nestes períodos têm sempre mais afluência.