O projeto-piloto que estuda a semana de quatro dias revela que é positiva para os trabalhadores e não prejudica a economia. O relatório final mostra benefícios para a saúde mental e uma melhoria na conciliação entre a vida pessoal e o trabalho.
"A grande preocupação era saber se é benéfico para as empresas, e verificámos que estas mantêm os lucros", disse, à SIC Notícias, Rita Fontinha, investigadora e cocoordenadora do estudo.
Os resultados do estudo indicam que a semana de quatro dias de trabalho não é uma utopia, mas sim uma possível realidade.
"Passa por manter o mesmo salário, manter as mesmas condições, mas reduzir o horário de trabalho e, neste caso, a maior parte para 32 horas ou de 40 para 36 horas", acrescentou Rita Fontinha.
O projeto-piloto foi executado em 41 empresas, a esmagadora maioria sem custos financeiros. Depois do teste, mais de 80% vai manter o modelo. Melhor ambiente, menos stress e menos faltas ao trabalho.
Semana de quatro dias: trabalhadores menos exaustos e mais produtivos
"Apenas uma minoria das empresas manteve a sexta-feira como o dia de folga, muitas tiveram equipa-espelho à sexta ou à segunda, ou outras, o dia rodava e era intercalado entre os trabalhadores", explicou a investigadora.
Em alguns setores, como educação, restauração ou indústria, pode ser necessário contratar mais funcionários, mas o projeto indica que menos horas de trabalho pode ajudar a manter durante mais tempo os trabalhadores.
"A ideia da sexta-feira ser o novo sábado é ainda muito remota. Nesta fase, estamos numa época em que a semana funciona normalmente a cinco dias ou noutros setores 24/7, portanto é necessário que haja sistemas de turnos, rotativos, para que depois todas as pessoas beneficiem de uma redução horária e de um tempo livre extra, que lhes permita melhor ter um balanço entre a vida pessoal e a vida profissional", referiu a cocoordenadora do estudo.
A investigação indica que a redução de um dia de trabalho durante a semana é mais vantajosa para as mulheres e para quem tem menos qualificações e salários mais baixos.
"Pensámos, inicialmente, que seria mais para uma elite, mas não. Como esta elite, geralmente, tem mais acesso a trabalho flexível e maior autonomia na gestão do dia de trabalho, então, na verdade, aqueles que recebem menos e que têm um trabalho mais presencial atribuem maior valor à semana de quatro dias."
O relatório estima que para ser implementada a semana de quatro dias é necessário, no mínimo, 10 anos.