Um grupo de representantes de associações de imigrantes vai ser recebido no domingo pelo Presidente da República, para contestar as alterações à lei de estrangeiros e a falta de apoios ao setor.
Depois de terem sido recebidos por assessores de Marcelo Rebelo de Sousa, esta sexta-feira, os dirigentes de um coletivo de 51 associações souberam que o Presidente as iria receber, uma reivindicação já antiga.
"Soubemos depois da reunião que, finalmente, o senhor Presidente nos iria receber", disse à Lusa Timóteo Macedo, da Solidariedade Imigrante.
O coletivo de associações pediu audiências a várias instituições e o Presidente havia remetido o caso para assessores, o que motivou o descontentamento dos dirigentes.
A reunião terá lugar dia 14, às 18 horas.
Associações reivindicavam reunião com o Presidente da República há muito tempo
Esta sexta-feira, após a reunião com assessores, Flora Silva, da Olho Vivo (Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos), explicou à Lusa que a comitiva manifestou na reunião o incómodo por Marcelo Rebelo de Sousa não estar presente, "mesmo num momento tão sensível como o que os imigrantes estão a viver hoje".
"Apresentámos as nossas reivindicações e prometeram-nos que as iriam levar ao senhor Presidente", disse Flora Silva.
A reunião faz parte de uma série de audiências pedidas por meia centena de associações de imigrantes para contestar as alterações legais na Lei de Estrangeiros, que acabou com a possibilidade dos imigrantes se regularizem em Portugal, mesmo que só tivessem visto de turista, e com o fim da figura da manifestação de interesse.
O Governo prometeu o reforço da AIMA e a criação de uma estrutura de missão que dê resposta aos 400 mil processos pendentes, mas Flora Silva recorda que existem muitos casos que não fazem parte desse universo e que necessitam de resposta dos serviços.
"Há milhares de crianças nascidas em Portugal, doentes em tratamento ao abrigo de acordos bilaterais, processos de reagrupamento familiar e não há resposta para nada", lamentou a dirigente de uma das quatro associações hoje recebidas na Presidência da República.
"A estrutura de missão é importante, que venha ela e com meios, mas venham também os reforços para a AIMA", para dar uma "resposta permanente" aos problemas dos imigrantes, salientou.
"Assistimos à incapacidade da AIMA em dar resposta à procura existente e é urgente que o Governo tome medidas para o reforço dos meios", afirmou a dirigente, lamentando também a falta de atenção do Governo às estruturas da sociedade civil que lidam com o problema.
"As associações são hoje uma base fundamental na integração e regularização dos imigrantes em Portugal, mas, da parte do governo, não há valorização desse trabalho, nem respeito na prática", condicionando os apoios a projetos e candidaturas, em vez de um financiamento permanente e regular.
"É justo que o Orçamento Geral do Estado contemple os apoios às associações", considerou Flora Silva.
A situação dos imigrantes, com as alterações legais que proibiram as manifestações de interesse, está a "tornar-se insustentável", com "milhares de pessoas num limbo, que têm descontos, que trabalham e agora não têm um canal para se regularizarem", acrescentou ainda a dirigente.