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Porque é que os portugueses não confiam na Justiça? Processos mediáticos influenciam opinião

Um novo inquérito aponta que a grande maioria dos portugueses considera que a Justiça não funciona bem, uma opinião que pode estar a ser influenciada pela "contaminação mediática" de alguns casos.

Porque é que os portugueses não confiam na Justiça? Processos mediáticos influenciam opinião
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O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (MP) lembra que o novo estudodiz respeito a perceções e não à realidade e que a desconfiança dos portugueses resulta da onda de críticas que se têm ouvido nos últimos meses. Já a Associação Sindical dos Juízes defende que os resultados do estudo são influenciados pelas críticas recentes aos processos mais mediáticos.

Um inquérito feito pelo Instituto de Políticas Públicas e Sociais (IPPS) do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, tornado público esta terça-feira, totalmente vocacionado para o sistema de Justiça, dá conta que grande parte dos cidadãos portugueses considera que a Justiça funciona "mal" ou "muito mal".

Em declarações à SIC, Paulo Lona, do Sindicato dos Magistrados do MP, considera que "muita da desconfiança" dos portugueses provém de uma "certa contaminação mediática que tem ocorrido".

Para o sindicalista "é normal" que a "perceção dos cidadãos" seja afetada "se todos os dias ouvi-mos dizer mal do funcionamento do MP".

Atira ainda que quando as várias instituições no estado de direito democrático "não contribuem para se credibilizar umas às outras é o próprio estado de direito que perde com isso".

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Já Nuno Matos, da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, considera que quando se resume a discussão sobre o sistema de Justiça a apenas alguns processos mais mediáticos "é natural que a perceção que os portugueses têm não seja positiva".

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"Cidadãos em geral" apontados como menos culpados

Entre os inquiridos que avaliam negativamente a Justiça, a maior responsabilidade é atribuída aos juízes, procuradores e governos, numa escala que coloca os "cidadãos em geral" como os menos culpados dos problemas.

Numa avaliação mais detalhada ao sistema de Justiça, as considerações "menos positivas concentram-se no desempenho geral do sistema, incluindo rapidez, eficácia e eficiência".

A maioria dos inquiridos considera que os juízes e procuradores são vulneráveis e cedem a pressões com "muita" ou "alguma frequência" por parte da comunicação social (66%), grupos económicos e sociais (64%), do Governo (60%), dos partidos da oposição (57%) e dos Presidentes da República (57%).