O Chega quer que a Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras tenha acesso às comunicações de vários envolvidos neste caso, incluindo o Presidente da República e antigos membros do Governo. O pedido diz respeito a conversas via 'whatsapp' e email, mas está a levantar dúvidas.
Primeiro o presidente do Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, pediu à Procuradoria-Geral da República que se pronunciasse sobre este assunto. No texto, assinado pela segunda figura da hierarquia do Estado, pede-se que sejam afastadas as dúvidas que existem mas na consciência de que é à Assembleia da República que compete vigiar o cumprimento da Constituição.
O PSD também já veio levantar as mesmas dúvidas. Num requerimento entregue no Parlamento, os social-democratas falam num precedente demasiado perigoso e querem que o pedido do Chega seja suspenso até surgir uma opinião da justiça.
Já André Ventura fala em 'boicote' e insiste na necessidade do Parlamento obter estas comunicações.
Se os envolvidos invocarem algum tipo de segredo, o acesso às comunicações terá mesmo de passar por um juiz, alerta o constitucionalista, Jorge Bacelar Gouveia.
Apesar da necessidade da intervenção de um juiz em caso de recusa o constitucionalista, o mesmo diz que é difícil compreender o pedido de parecer levantado por José Pedro Aguiar-Branco e pelo PSD.
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito vão estar interrompidos entre 26 de julho e 10 de setembro. Mas antes das férias, os deputados vão ainda receber a antiga Secretária de Estado das Comunidades, o Chefe da Casa Civil do Presidente da República, a assessora para os Assuntos Sociais da Presidência da República e o antigo Chefe de Gabinete de António Costa, Francisco André.