O marco com a cruz bem visível deixa claro que se está a entrar em domínios da Ordem dos Hospitalários. Cavaleiros religiosos com origens num hospital dedicado a S. João Batista.
Mas Portugal não ficou de fora da influência dos Hospitalários, e o Castelo de Amieira do Tejo é um dos legados.
Foi concluído já em 1362, no tempo de Afonso IV, o que o torna um dos melhores exemplares de castelo gótico. Num tempo em que a sede da Ordem já tinha mudado de Leça do Balio para o Crato.
Aí viveu, mas também terá morrido, o pai do Condestável. Num castelo onde cada uma das quatro torres tem nome onde se guardam vestígios bem antigos.
Na da saguinha, ainda é possível espreitar o imaginário dos cavaleiros do hospital.
Mas os hospitalários além de cavaleiros eram também frades, por isso havia que cuidar da vida espiritual. A capela dedicada a S. João Batista, o padroeiro da ordem, é um dos tesouros.
Mas o Priorado do Crato foi o culminar de um processo iniciado bem antes.
A viagem é curta até à única freguesia do Alentejo, que fica aquém do rio. É onde está o Castelo de Belver.
A subida íngreme lembra que o objetivo era ser intransponível, nos tempos em que aqui era a fronteira com os Mouros. A definida pelo homem, mas também a natural fixada pelo Tejo.
D. Sancho I chamou-lhe Belo Ver. Rei que doou toda a terra de Guidintesta entre o Zêzere e o Tejo aos Hospitalários, para a defender e povoar.
A confiança na Ordem do Hospital e na força de Belver era tanta, que até serviu como cofre do reino.
E mais tarde, este local poderá ter tido outro inquilino famoso, na condição de prisioneiro. Um homem que celebra agora 500 anos de nascimento.
As muralhas guardam a memória de muitos séculos e de muita fé. Na capela de São Brás permanece o retábulo maneirista, onde estiveram expostas relíquias trazidas pelos cavaleiros.
Com ou sem relíquias, o papel dos hospitalários na construção do país não é esquecida por aqui. Até por isso, estão previstas obras de restauro no castelo, que desde 2014 conta com um centro interpretativo.
Belver que se opôs a D. João I, mas que depois defendeu D. António prior do Crato contra os filipes, foi a capital militar de uma ordem que fez também da assistência aos povos um papel principal. E que ao contrário dos templários, soube resistir às eras, e de forma soberana, como ordem de malta.