Depois do combate ao incêndio na Auto Sueco, a água utilizada pelos bombeiros desaguou na Ribeira da Granja.
As imagens coloridas que se veem até podem ser bonitas, mas são reflexo de uma água altamente contaminada. Na terça-feira, um camião hidroaspirador recolheu 56 toneladas de material poluente.
“Estamos a falar de materiais que podem ir desde baterias, óleos, líquidos de refrigeração, material que faz parte da indústria automóvel. Face à incerteza sobre o grau de perigosidade, colocámos logo as barreiras para estancar e conter o derrame”, explica o comandante Silva Lampreia da capitania dos portos do Douro e Leixões.
Foram colocadas barreiras físicas e de absorção de gorduras, mas a vida marinha não ficou livre de contaminação, nomeadamente de metais pesados.
“As algas microscópicas que estão na base da cadeia alimentar vão acumular. Os pequenos crustáceos que se alimentam das algas (...) acumulam ainda mais. Por fim, chegam aos peixes, e peixes valiosos aqui da pesca lúdica e não só, como os robalos”, conta Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo.
No terreno mantêm-se os trabalhos de monitorização e foram proibidos os banhos e a pesca lúdica entre o cais de cimentos e a foz do Douro.
“Felizmente houve uma ação coordenada pela capitania do Douro, juntamente com as águas do Porto, que colocaram as barreiras que vemos hoje na água. Elas ajudaram a reter os materiais mais macroscópicos, ou seja, aquilo que se consegue ver a olho nu”, diz Adriano Bordalo e Sá,
O comandante Silva Lampreia explica que para já as barreiras vão ser mantidas, mas que a intenção “será lavar estas margens da ribeira da Granja” e só depois, “se tiver tudo dentro da conformidade”, retirar as barreiras e “voltar tudo à normalidade”.
A Capitania espera que até sexta-feira o problema esteja resolvido, até lá continuam as operações de aspiração e limpeza.