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Polémica com grávida: hospital tem de, pelo menos, "perceber o que se passa com o doente"

O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal não quis comentar o caso concreto da grávida das Caldas da Rainha, mas vincou que pelo menos, o hospital tem de "perceber o que se passa com o doente, estabilizá-lo, compreender o que se está a passar e decidir como e para onde transferi-lo".

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Nuno Clode, presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, sublinhou, no Jornal do Dia, da SIC Notícias, que "sempre houve problemas no verão para reger as maternidades e para mantê-las sempre abertas", no entanto, "quer os médicos, quer os enfermeiros, estão cada vez menos motivados para estarem no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

"O SNS sempre funcionou em rede. Há 40 anos, quando havia problemas, os hospitais passavam os doentes de uns para os outros. Mas, neste momento, as falhas de rede são múltiplas. Se em Lisboa e Vale do Tejo há 10 maternidades e apenas quatro estão abertas, obviamente que se torna muito difícil a Alfredo da Costa, porque não tem capacidade para dar a resposta toda à zona de Lisboa", acrescentou.

Leiria é a situação mais preocupante, grávidas têm de fazer 200 km para ser atendidas

Nesta altura, a situação mais preocupante é em Leiria, no Hospital de Santo André. Até dia 19 de agosto não vão nascer bebés nesta unidade hospitalar. Portanto, todas as mulheres com partos programados estão a ser encaminhadas para o Centro Materno-Infantil do Norte, no Porto, a 200 km de distância.

Quanto à situação no hospital de Leiria, Nuno Clode não discorda com esta decisão.

"Se têm, de facto, uma situação complexa e que precisa de um apoio diferenciado, faz todo o sentido transferir a grávida de forma atempada para o hospital que a pode receber. [Independentemente da distância desse hospital, a mulher tem de ir para] o que tem as melhores condições para a receber naquele momento".

Também outro assunto que tem marcado a ordem do dia é o que que aconteceu nas Caldas da Rainha. O hospital terá recusado, nesta segunda-feira, atender uma grávida que sofreu um aborto espontâneo por ter a urgência de obstetrícia encerrada. A mulher, de 31 anos, a sangrar e com o feto morto num saco, viu negada a assistência neste hospital e teve de ligar para o 112 no exterior da unidade de saúde. A administração da unidade hospitalar, no entanto, veio a público dar a sua versão do sucedido.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, vincou que "pelo menos, [o hospital tem de] perceber o que se passa com o doente, estabilizá-lo, compreender o que se está a passar e decidir como e para onde transferi-lo".

"Isso é uma obrigação de qualquer unidade hospitalar, independentemente de ter a especialidade que parece ser a mais adequada para resolver aquela situação", acrescentou.

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