A Polícia Judiciária (PJ) identifica anualmente cerca de 500 novos casos de pornografia infantil. O controlo efetivo dos predadores sexuais é difícil de realizar e as autoridades alertam os pais para a importância do acompanhamento das crianças nas redes sociais e nos jogos online.
A vítimas são geralmente crianças entre os 8 e os 15 anos, aliciadas por predadores sexuais em diversas plataformas online. Em alguns casos recebem instruções sobre os conteúdos pretendidos pelos predadores.
A partir do envio de uma primeira fotografia, a vítima passa a ser alvo de chantagem.
“Muitas vezes têm acesso à ao perfil da rede social da criança e [o predador] ameaça que divulga as fotografias caso [a vítima] não envie mais conteúdos”, explica a inspetora-chefe da PJ Carla Costa.
Os perfis destes predadores são falsos e a linguagem utilizada é adaptada às idades das crianças.
“Há inclusivamente crianças que julgam que têm um namoro virtual com o predador”, aponta Carla Costa. “Acham que é o namorado que a prova de amor é um envio de conteúdos de cariz sexual.”
A PJ alerta os pais para a importância da monotorização da utilização de plataformas: existem “várias aplicações de controlo parental que restringem o acesso a várias aplicações, podem também restringir, por exemplo, no WhatsApp que as crianças sejam adicionadas indiscriminadamente a grupos”.
“Às vezes põe-se este problema da privacidade da criança e da e da segurança e o que nós recomendamos sempre é que a segurança está primeiro”, defende a inspetora-chefe da PJ.
Outra das preocupações passa pela abordagem às crianças nos videojogos.
“Através do jogo, [as crianças] pensam que estão a jogar com alguém da sua idade e acabam por estar ao alcance de predadores sexuais que depois as levam para outras plataformas e acabam por fazer ‘amizades virtuais’ e a encetar conversações que levam depois a partilha de conteúdos natureza sexual.”
Estudos mostram que este tipo de predadores, em alguns casos reincidentes, podem escalar do consumo de pornografia para o abuso sexual.
Mesmo condenados pela Justiça, é difícil manter “um controlo efetivo” do cumprimento das medidas de coação, admite a polícia.
“Tem proibição de contactos, mas quem é que controla essa proibição? Quem é que controla a proibição de não aceder a redes sociais de não se ligar à internet? Ninguém”, lamenta Carla Costa.