Um abalo de magnitude 5.3 na escala de Richter foi sentido esta madrugada em vários pontos do país. Foi registado no mar, a cerca de 60 quilómetros da costa de Sines, a 10 quilómetros de profundidade. Segundo a Proteção Civil, ocorreram mais três réplicas de baixa magnitude. Filipe Rosas explica que este abalo "muda um pouco o paradigma de risco e a avaliação a que estávamos habituados". O geólogo considera que este não será um abalo "premonitório", mas sublinha que "é absolutamente crítico perceber qual o contexto tectónico em que ocorre este sismo".
"É um sismo que ocorre um bocadinho a Norte, para norte da fronteira de placas entre a placa tectónica euro-asiática e a placa africana. Portanto, é um sismo que, nesse ponto de vista, tem uma localização, não lhe quero chamar inesperada, mas a maior parte dos sismos ocorre mais próximo da fronteira de placas. Nesse sentido, é um sismo que muda um pouco o paradigma de risco e a avaliação a que estávamos habituados", explica Filipe Rosas, em entrevista na SIC Notícias.
Segundo o especialistas, as características deste abalo vão "obrigar os cientistas a perceber o que é que ele significa, que significado do ponto de vista da evolução geológica tectónica é que este é que este sismo".
Quanto à probabilidade de ocorrerem mais réplicas, o geólogo afirma: "Com com todo o cuidado, diria que a probabilidade não é grande, ou seja, o que devemos esperar são um conjunto de réplicas de magnitude decrescente. Mas, o que é absolutamente crítico, é perceber qual é o contexto tectónico em que ocorre este sismo".
Filipe Rosas não acredita que este seja um "sismo premonitório", mas tudo "depende das características técnicas, científicas, da orientação da falha relativamente ao campo de tensões atuais, da sua inclinação se é uma falha que se formou de novo, o se é uma falha que está a ser reativada".
O geólogo acrescenta que esta é uma avaliação demorada, muito interessante, um desafio para a comunidade científica.
“Necessidade de recuperar a consciência de que vivemos numa zona de risco”
"O que é seguro dizer nesta altura é que a probabilidade é que não haja razões para, no imediato, haver preocupações com a possibilidade de haver um sismo maior magnitude. De facto, podemos ter réplicas, elas têm sido de magnitude muito baixa, mas, com rigor para compreendermos o significado deste sismo, é preciso estudarmos o sistema tectónico, isso demora o seu tempo", resume Filipe Rosas.
O especialista realça a importância deste abalo servir para alertar para a importância de acautelar as normas de construção de segurança sísmica.
"Se há alguma coisa de positivo e de relevante a retirar deste sismo é, para além do interesse científico (…) é a necessidade de recuperarmos a consciência, que deve existir sempre, de que vivemos numa zona de risco", destaca.