Neste dia de tragédia, em que um helicóptero caiu no Rio Douro e vitimou pelo menos quatro pessoas, tornou-se muito falada a imagem do primeiro-ministro, Luís Montenegro, a bordo de uma lancha enquanto decorriam as operações de busca pelos desaparecidos.
O chefe de Governo, que classificou esta sexta-feira como “um dia muito triste para Portugal”, foi fotografo por uma pessoa dentro da lancha em que circulava. Numa dessas imagens, aparece sozinho em grande plano.
O episódio provocou muitas reações, principalmente negativas. As críticas são de que a presença do chefe de Governo no terreno em nada ajuda às autoridades e pode ter sido uma forma de aproveitamento político de uma tragédia.
Maria Castello Branco, comentadora SIC, classifica este episódio como “uma triste figura” de Luís Montenegro.
“Não percebo o que é que o primeiro-ministro estava a tentar fazer. Se era uma política performativa, se era para dar a imagem de que estaria a apoiar as autoridades, quando, na realidade, atrapalhou as autoridades. (…) Luís Montenegro achou por bem fazê-lo, talvez a querer tentar fazer uma figura épica, mas fez uma triste figura. As imagens são um pouco absurdas”. Para a comentadora, “não é para isso que [Montenegro] foi eleito”.
Gonçalo Ribeiro Telles, também comentador SIC, foi mais uma das vozes a criticar a ação “escusada” do chefe de Governo.
“Acho que o primeiro-ministro tinha que estar lá, mas numa lancha não fazia sentido. Não sei se atrapalhou as autoridades, mas não ajudou. Parece que aproveitou um bocadinho o momento, quando o momento devia ser de tristeza pelas vítimas e pelas famílias das vítimas. Acho se pedia alguma discrição e recato (…) Este episódio era escusado”.
Montenegro diz que não perturbou ninguém
Consternado, o primeiro-ministro apareceu aos jornalistas para anunciar que foi decretado luto nacional para este sábado e para transmitir uma mensagem de solidariedade às famílias das vítimas e à GNR - todas as pessoas que morreram eram militares da Guarda Nacional Republicana.
Questionado sobre a sua presença no terreno ao longo da tarde, Montenegro quis afastar a polémica e garantiu que não perturbou os trabalhos.
"Foi-me permitido estar pessoalmente com mergulhadores que desempenham uma missão muito perigosa e eu quis transmitir apreço pelo esforço (...) Creio que presença do primeiro-ministro não foi motivo de nenhuma perturbação", disse Montenegro, acrescentando que "fazer disso crítica ou caso é desrespeito pelas instituições".