Esta segunda-feira, o jornal Publico avançou que existem mais de 30 consultórios de saúde oral do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que estão parados por falta de profissionais. Estes gabinetes foram equipados com recurso a fundos monetários do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). De acordo com a Associação Portuguesa dos Médicos Dentistas dos Serviços Públicos (Apomed-SP) já terão sido perdidas "mais de 30 mil potenciais consultas", entre o início do ano e o mês de agosto.
Francisco Goiana da Silva alerta para uma "carência histórica" no acesso a cuidados de saúde oral registada no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O médico e comentador da SIC recorda algumas medidas anteriormente adotadas para combater este cenário como os cheques-dentista para a população mais jovem ou a construção de consultórios de medicina oral em centros de saúde.
"Desde então continuamos com indicadores preocupantes e há um número de nos deve assustar. Mais de dois terços da população portuguesa tem falta de dentes. Cerca de 11% das pessoas que durante o último ano necessitaram de uma consulta de saúde oral ou medicina dentário não tiveram acesso a ela. Muitas vezes isto é por falta de condições socioeconómicas", alerta Francisco Goiana da Silva.
Num estudo divulgado no ano passado, coordenado pelo comentador da SIC, previa-se que fosse duplicada a construção de gabinetes de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Ainda assim, Francisco Goiana da Silva considera que é ainda fundamental focar na contratação de médicos dentistas.
Como? Através da prestação de serviços ou a criação da carreira de médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma medida que terá sido prometida inúmeras vezes pelo Partido Socialista (PS), mas que nunca foi implementada.
"Agora das duas uma: ou nós criamos de uma vez por todas a carreira dos médicos dentistas no SNS para atrair estes profissionais a fixarem-se no SNS e a povoarem estes consultórios que, já estão pagos pelo PRR, ou então se nós não gastamos o dinheiro do PRR a construi-los não vamos poder gastar em mais nada".
Crise nas urgências: um problema que parece não ter fim à vista
A crise nas urgências de obstetrícia, ginecologia e pediatria continua. Cerca de 17 urgências estiveram encerradas, este domingo, em todo o país sendo que a região de Lisboa e Vale do Tejo voltou a ser mais afetada.
Francisco Goiana da Silva defende que a criação de expectativas por parte do Governo durante a campanha eleitoral está na origem dos problemas registados, nos últimos meses, no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Mas o que está a contribuir para a falta de resultados do Plano para a Saúde apresentado pelo Governo, no início do verão?
"Ou o plano [de saúde] não foi executado. Ou o plano foi mal executado. Ou as medidas do plano foram executadas mas não tiveram efeito, ou seja, eram más medidas. Ou o plano não previa as medidas que realmente poderiam ter feito a diferença. O que é que eu acho que aconteceu? Um bocadinho de tudo."