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"Assalto aos portugueses”: partidos atacam Maria Luís Albuquerque e Miguel Pinto Luz por privatização da TAP

Da esquerda à direita, na Assembleia da República, não há quem não teca críticas ao processo da privatização da companhia aérea portuguesa, em 2015. Há até quem peça ao primeiro-ministro que tire consequências políticas.

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Os partidos querem ouvir, no Parlamento, Miguel Pinto Luz, Maria Luís Albuquerque e Sérgio Monteiro sobre a venda da TAP em 2015. A esquerda fala num assalto ao dinheiro dos portugueses e culpa os antigos responsáveis políticos.

Pelo PS, a líder parlamentar Alexandra Leitão pede a Luís Montenegro que se pronuncie e diga se mantém confiança política no atual ministro das Infraestruturas.

“O sr. primeiro-ministro tem de vir dizer se considera que o ministro Miguel Pinto luz tem condições para dirigir uma nova privatização da TAP, quando foi o principal ator de uma privatização que está envolta em acusações e em suspeitas desta gravidade”, declarou.

O Bloco de Esquerdaafirma mesmo que Miguel Pinto Luz é um "ativo tóxico no Governo"e também desafia o primeiro-ministro a tomar uma posição. Mariana Mortáguaconsidera que o atual ministro foicúmplice no negócio da venda da TAP.

“Há dois cúmplices em particular no assalto que deve David Neeleman fez à TAP e ao país. O primeiro cúmplice é Maria Luís Albuquerque - era ministra das Finanças e teve conhecimento de todo este negócio. O segundo cúmplice é Miguel Pinto Luz - era secretário de Estado das Infraestruturas”, acusou a líder bloquista.

A mesma expressão utilizada pela líder parlamentar do Livre,Isabel Mendes Lopes.

“Isto é grave, é lesivo também do interesse público e da TAP, mas o relatório mostra-nos mais do que isso. Mostra-nos que, na verdade, os responsáveis políticos sabiam e na verdade, foram cúmplices”, declarou.

Paula Santos, líder da bancada parlamentar do PCP, atira também a Maria Luís Albuquerque, comentando a recente nomeação da antiga governante para um cargo europeu, depois do papel que teve neste caso.

“Está mais do que comprovado que a privatização da TAP não é solução. Não deixa de ser significativo que uma das principais responsáveis eque deu cobertura a este crime - na altura, ministra das Finanças - seja agora indicada para comissária europeia”, afirmou.

Pelo PAN, a porta-voz do partido, Inês Sousa Realfalounum“assalto à mão armada aos portugueses” e questionou a idoneidade do ministro Miguel Pinto Luz.

“Nãonos parece que, politicamente, tenha idoneidade para continuar à frente do negócioda reprivatização da TAP. Luís Montenegro deve, de facto, indicar outro governante que fique responsável por todo este processo”, defendeu.

Direita também critica

À direita, o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, acredita que o atual primeiro-ministro tinha conhecimento da situação e que se “pôs a jeito”, ao colocar Miguel Pinto Luz no atual Executivo.

“Foi uma trapalhada que aconteceu em 2015 e está aqui a prova neste relatório”, começou por dizer.

"Luís Montenegro pôs-se a jeito. Aotrazeroutra vez Miguel Pinto Luz para a praça pública, aotrazê-lo para ministro das Infraestruturas, pôs-se a jeito para esta situação”, continuou. “Não acreditamos que Luís Montenegro não soubesse.”

Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal, considera que está em causa “o negóciomais ruinoso da história da TAP”.

Mas, para o liberal, o que interessaagora saber é “quando é que os 3,2 milmilhões de euros podem ser devolvidos aos portugueses” e quando é que a TAP vai ser privatizada”.

“O Estado português, como qualquer Estado, nãotemde estar a gerir empresas de aviação”, atirou.

A Inspeção-Geral de Finanças concluiu o relatório às contas da TAP com suspeitas de crime na privatização da companhia aérea, em 2015, e na gestão de David Neelman e Humberto Pedrosa.

O relatório aponta que a TAP foi comprada com o próprio dinheiro da companhia aérea, mas de forma legal, usando um esquema que permitiu contornar o Código das Sociedades Comerciais que impede a cedência de empréstimos ou fundos a um terceiro para que este adquira ações próprias.

A auditoria também dá como provado que a estratégia era do conhecimento da Parpública e do Governo da altura, de que Passos Coelho era primeiro-ministro e Maria Luís Albuquerque era ministra das Finanças.