Em agosto, só cerca de três dezenas de crianças puderam nascer em Portimão. A falta de pediatras impediu o funcionamento normal da maternidade. No dia 19 do mês passado, uma grávida acabou por dar à luz a caminho de Faro, com o apoio da equipa de viatura médica de emergência.
Houve grávidas à espera de cesariana vários dias, outras que adiaram a indução do parto por falta de camas e tiveram de regressar a casa.
Para evitar o colapso do serviço em Faro, os especialistas disponíveis em Portimão tiveram de ser deslocados para reforçar aquele hospital. Só durante o mês passado, a maternidade de Faro realizou 286 partos.
Os quilómetros e a sobrecarga de trabalho acabou por fazer desistir quatro médicos tarefeiros que costumavam reforçar Portimão vindos da zona de Coimbra e do hospital de Santa Maria.
Dois pediatras rescindiram
Desde esta quinta-feira que o bloco de partos de Portimão voltou a funcionar em pleno. Os turnos de pediatria agendados para a primeira quinzena deixam uma folga maior do que em agosto, mas não estão todos assegurados.
Espera-se a entrada de um pediatra ainda durante o mês de setembro, mas a SIC sabe que dois terão rescindido e outros dois deverão deixar de estar disponíveis para fazer urgência por terem mais de 55 anos.
A Unidade Local de Saúde do Algarve diz continuar a trabalhar no sentido de garantir a cobertura total e assegurar a resposta regional.
Desde janeiro a agosto, realizaram-se em Portimão e Faro 2.345 partos, dos quais 44% de mães estrangeiras.
O que afasta os médicos de Portimão?
A dificuldade na fixação de especialistas em Portimão prende-se ao custo da habitação no Algarve, à imprevisibilidade do serviço e excesso de trabalho, o descontentamento dos médicos residentes que veem os colegas tarefeiros ganhar muito mais, com menos responsabilidades, e o aliciamento dos hospitais privados.
Um especialista recém formado ganha no Serviço Nacional de Saúde cerca de 2.200 euros. Fora, a oferta chega a ser três vezes mais.