País

Urgência em Portimão volta a funcionar, mas ainda faltam pediatras

No Algarve, o bloco de partos de Portimão começa agora a recuperar alguma normalidade, ainda que a escala não esteja toda assegurada. Em agosto, a falta de especialistas obrigou ao encaminhamento de 78 grávidas para o hospital de Faro.

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Em agosto, só cerca de três dezenas de crianças puderam nascer em Portimão. A falta de pediatras impediu o funcionamento normal da maternidade. No dia 19 do mês passado, uma grávida acabou por dar à luz a caminho de Faro, com o apoio da equipa de viatura médica de emergência.

Houve grávidas à espera de cesariana vários dias, outras que adiaram a indução do parto por falta de camas e tiveram de regressar a casa.

Para evitar o colapso do serviço em Faro, os especialistas disponíveis em Portimão tiveram de ser deslocados para reforçar aquele hospital. Só durante o mês passado, a maternidade de Faro realizou 286 partos.

Os quilómetros e a sobrecarga de trabalho acabou por fazer desistir quatro médicos tarefeiros que costumavam reforçar Portimão vindos da zona de Coimbra e do hospital de Santa Maria.

Dois pediatras rescindiram

Desde esta quinta-feira que o bloco de partos de Portimão voltou a funcionar em pleno. Os turnos de pediatria agendados para a primeira quinzena deixam uma folga maior do que em agosto, mas não estão todos assegurados.

Espera-se a entrada de um pediatra ainda durante o mês de setembro, mas a SIC sabe que dois terão rescindido e outros dois deverão deixar de estar disponíveis para fazer urgência por terem mais de 55 anos.

A Unidade Local de Saúde do Algarve diz continuar a trabalhar no sentido de garantir a cobertura total e assegurar a resposta regional.

Desde janeiro a agosto, realizaram-se em Portimão e Faro 2.345 partos, dos quais 44% de mães estrangeiras.

O que afasta os médicos de Portimão?

A dificuldade na fixação de especialistas em Portimão prende-se ao custo da habitação no Algarve, à imprevisibilidade do serviço e excesso de trabalho, o descontentamento dos médicos residentes que veem os colegas tarefeiros ganhar muito mais, com menos responsabilidades, e o aliciamento dos hospitais privados.

Um especialista recém formado ganha no Serviço Nacional de Saúde cerca de 2.200 euros. Fora, a oferta chega a ser três vezes mais.