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Seis minutos, um caixote do lixo, um auricular, um lençol e duas escadas: o esquema da fuga de Vale de Judeus

Seis minutos foi o tempo que os cinco reclusos precisaram para fugir da prisão de vale de Judeus. O relatório preliminar dá conta que tiveram cúmplices dentro e fora da cadeia e que a evasão começou um minuto após a rendição do guarda de serviço na videovigilância.

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A fita do tempo começa a desenrolar-se a partir do minuto 22 das nove da manhã. O plano de fuga era colocado em marcha com um simples estendal no pátio do pavilhão B. A roupa, estrategicamente pendurada por um recluso que não participou na fuga, mas que pode ter sido cúmplice, serviu para tapar o ângulo de visão das câmaras de videovigilância.

Foi assim que Fernando Ferreira, condenado a 25 anos de prisão por vários crimes violentos, viria a conseguir escalar o muro sem ser visto aumentando assim para quatro o número de fugas bem sucedidas no cadastro.

Segundo o que a SIC apurou, o relatório preliminar analisou ao detalhe as câmaras de videovigilância, em particular as sete que mostram os movimentos da fuga.

Num dos planos Fernando é visto com a mão colada ao ouvido levantando fortes suspeitas de que estaria em comunicação permanente com o exterior através de um auricular de um telemóvel. Cerca 14 minutos depois, de forma consertada, o ritual do estendal era replicado no pátio do lado onde estavam os outros quatro evadidos.

Há imagens que mostram um recluso a colocar um caixote do lixo junto ao muro e minutos depois, esse trampolim era usado com a ajuda de uma corda.

Às 9 horas e 54 minutos, o guarda responsável pela videovigilância era rendido e apenas um minuto depois, três homens de cara tapada e com farda militar passavam as redes da cadeia que tinham sido cortadas.

Às 9 horas e 57 minutos, com o apoio de um lençol preso à grade de uma janela, escapa o primeiro recluso. Dois minutos depois, os cinco homens considerados perigosos já estavam na pista exterior da cadeia com recurso a duas escadas.

Às 10h e 01 minuto tinham ultrapassado todos os obstáculos sem que ninguém tivesse reparado e quem viria a reparar foi quem menos se esperava...um recluso, 69 minutos depois do início da evasão.

O botão do alarme foi acionado, a GNR era avisada às 11h e 18 minutos e dois minutos depois chegava ao local. mas a informação da fuga só chegou à Polícia Judiciária (PJ) e aos serviços de informação perto das 13 horas, quando os cinco fugitivos já tinham três horas de avanço.