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Nova especialidade de urgência resulta do "diálogo intenso" de vários meses, diz Ordem

O bastonário da Ordem dos Médicos salientou, no entanto, que a criação desta especialidade não resolve, só por si, as dificuldades dos serviços de urgência, mas "vai contribuir para resolver alguns dos problemas".

Nova especialidade de urgência resulta do "diálogo intenso" de vários meses, diz Ordem
Carl Court/Getty Images

O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que a especialidade de Medicina de Urgência e Emergência aprovada, nesta segunda-feira, resultou de um "diálogo intenso" nos últimos meses e apelou ao Governo para que proceda rapidamente à sua homologação.

"Felicito todos os que participaram neste processo, nomeadamente os membros dos colégios das várias especialidades e da Assembleia de Representantes. Foram vários meses de um trabalho e diálogo intenso para criar esta especialidade com o maior consenso possível", referiu Carlos Cortes, citado num comunicado da Ordem dos Médicos (OM)

Depois de a ter chumbado numa primeira votação no final de 2022, a Assembleia de Representantes da OM aprovou a criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência, um processo que foi reaberto por um grupo de trabalho nomeado em março deste ano pelo bastonário.

Na reunião desta segunda-feira, o órgão deliberativo da OM aprovou também as secções de subespecialidade de Urgência e Emergência Médica do Adulto do Colégio de Especialidade de Medicina Interna, de Cirurgia de Emergência e de Urgência e Emergência Pediátrica.

Carlos Cortes salientou ainda que a criação desta especialidade não resolve, só por si, as dificuldades dos serviços de urgência, mas "vai contribuir para resolver alguns dos problemas".

Segundo o bastonário, vai aliviar o trabalho de outras especialidades de forma complementar e colaborativa, em áreas que "estão sujeitas a uma pressão incomportável sobre as urgências", permitindo uma maior diferenciação e especialização de todos os médicos que trabalham nos cuidados de saúde.

De acordo com o comunicado, a OM aguarda agora que o Ministério da Saúde possa, o mais rapidamente possível, homologar a criação da nova especialidade e aprovar o programa de formação, para que prossigam os trabalhos com vista à formação dos novos especialistas em Medicina de Urgência e Emergência.

O que inclui a nova especialidade?

Esta nova especialidade inclui os conhecimentos e competências necessárias à prevenção, diagnóstico, tratamento imediato e gestão de aspetos urgentes e emergentes das condições resultantes de doença ou trauma, afetando pessoas de todas as faixas etárias, avançou a ordem.

Na prática, abrange a área pré-hospitalar e intra-hospitalar, incluindo a reanimação, a avaliação inicial, o diagnóstico e a gestão de doentes urgentes e emergentes até a alta clínica ou transferência, nos casos de doentes com patologias mais complexas e diferenciadas para outras especialidades do serviço de urgência.

O processo de criação da especialidade teve início na OM há mais de 20 anos.

A criação desta nova especialidade consta também do Plano de Emergência e Transformação da Saúde do Governo, com o ministério de Ana Paula Martins a pretender abrir já no próximo ano as primeiras vagas para formar especialistas em Medicina de Urgência.

"Dada a importância desta medida, estão já a ser realizados esforços no sentido de se aprovar a criação da especialidade Médica de Urgência até ao final de 2024, para em 2025 serem disponibilizadas as primeiras vagas para internato", refere o plano aprovado pelo executivo no final de maio.

Esta medida é uma das que o Ministério da Saúde considera prioritárias no eixo "Cuidados Urgentes e Emergentes" do plano, com o objetivo de permitir a especialização médica numa área de impacto direto na qualidade dos cuidados de saúde prestados a doentes que correm risco de vida.

- Com Lusa