Na noite de 4 de outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros recebeu 41 repatriados do Líbano que chegaram à base aérea de Figo Maduro, em Lisboa. Não foi autorizado a estar na placa de estacionamento de aeronaves, onde estavam jornalistas, assessores do ministro e elementos da Força Aérea, que tiveram o acesso previamente autorizado. Paulo Rangel teria apenas autorização para estar na área VIP, da qual terá insistido sair para chegar à pista, mas foi impedido por dois militares. Foi aí que os terá insultado e chamado nomes.
Terá depois subido o tom de voz quando foi abordado pelo comandante de Figo Maduro e pelo Chefe de Estado Maior da Força Aérea. Minutos depois, Rangel recebia os repatriados perante as câmaras e parece demonstrar alguma tensão quando o coronel Abel Oliveira, comandante de Figo Maduro, se aproxima.
Num artigo publicado esta terça-feira no Jornal Expresso, o ex-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas acusa o ministro de desrespeito:
"Ao desrespeitar militares em serviço, o ministro enfraquece a sua própria autoridade".
E acrescentou:
"Quando um ministro age de forma impulsiva (...) coloca em risco o equilíbrio essencial entre as autoridades civis e militares. (...) A atitude do ministro pode ter consequências negativas para a coesão e a eficácia das Forças Armadas".
Rangel recusou comentar o episódio no congresso do PSD este fim de semana. Já o primeiro-ministro reagiu esta quarta-feira, ao lado do governante:
"Se há aqui alguém que quer abanar o Governo e abanar a presença do ministro Paulo Rangel no Governo, vá treinando porque tem muito que fazer", disse Luís Montenegro aos jornalistas, em Faro, depois de lhe terem perguntado se mantém a confiança no ministro.
O PS e o Chega chamaram o ministro dos Negócios Estrangeiros à Assembleia da República para esclarecer o sucedido.