A comissária europeia nomeada por Portugal para a pasta dos Serviços Financeiros disse esta quarta-feira que o foco do seu mandato, se for eleita, será a estabilidade do sistema, após ter trabalhado no setor "a partir de múltiplas perspetivas".
"A grande âncora [do mandato] será a estabilidade e a integridade do nosso sistema financeiro", caso tenha aval parlamentar, disse Maria Luís Albuquerque esta quarta-feira, falando numa audição no Parlamento Europeu, em Bruxelas, intervenção na qual prometeu trabalhar para um "sistema financeiro robusto e estável".
Após ter exercido cargos públicos como os de ministra das Finanças no período da anterior crise financeira e de secretária de Estado do Tesouro e de ter passado pelo setor privado como diretora não executiva em empresas como a gestora de fundos europeia Arrow Global e o banco mundial Morgan Stanley, a responsável disse ter tido a "possibilidade de observar e interagir com a indústria dos serviços financeiros a partir de múltiplas perspetivas".
"Penso que a minha combinação em termos de experiências significa que posso estabelecer pontos entre a formulação de políticas públicas e a forma como elas são executadas no terreno", pelo que "irei usar a minha experiência e conhecimento para servir o interesse da UE [União Europeia] e dos seus cidadãos", vincou.
Referindo-se à experiência de ter sido ministra das Finanças entre 2013 e 2015, Maria Luís Albuquerque disse aos eurodeputados ter visto de perto os "anos difíceis" de crise em Portugal e na UE, razão pela qual tirou uma "grande lição", de que "a estabilidade financeira será sempre um pré-requisito para uma economia forte".
Nesta introdução à sua audição de cerca de três horas, a comissária nomeada por Portugal manifestou ainda, numas palavras iniciais em português, "profunda consternação com a tragédia de Valência e enquanto portuguesa de um país vizinho".
"Não há palavras para traduzir a nossa empatia a nossa solidariedade pelas perdas irreparáveis que os nossos amigos e vizinhos espanhóis estão a sofrer. Sinto muitíssimo", adiantou.
Nomeada para a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e Investimento, Maria Luís Albuquerque é hoje ouvida em Bruxelas pela comissão parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários, em conjunto com as comissões do Mercado Interno e a da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos.
Esta audição parlamentar é um passo fundamental para a nomeação da antiga ministra das Finanças e ex-gestora de fundos ter aval dos eurodeputados para fazer parte do segundo executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen, após outras etapas, como a escolha do seu nome pelo Governo português, a atribuição da pasta pela presidente da instituição, a apresentação de uma declaração de interesses e o envio de respostas escritas a perguntas do Parlamento Europeu.
Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.
É necessária 'luz verde' de uma maioria de dois terços dos eurodeputados, sendo que a decisão final será anunciada a 21 de novembro pela Conferência de Presidentes da assembleia europeia (organismo que junta os líderes das bancadas parlamentares e a presidente da instituição, Roberta Metsola).
No dia 21 de novembro, o processo referente ao novo colégio de comissários europeus fica fechado, com a votação derradeira em plenário do Parlamento Europeu a ser realizada na cidade francesa de Estrasburgo na sessão do final deste mês (marcada para 25 a 28 de novembro).