Para o presidente do Chega, “despejar” de habitações municipais quem participa em distúrbios é "uma questão de bom senso". As declarações foram feitas esta quinta-feira em reunião com autarcas do partido de Loures, distrito de Lisboa.
"Se nós temos pessoas que são ajudadas pelo Estado de alguma maneira no sentido em que os contribuintes pagam a sua casa, ou parte da sua casa, e mesmo assim envolvem-se numa série de distúrbios contra o património pago também por essas pessoas, o património público, isto não é uma questão de decência, isto não é uma questão de Constituição, isto é uma questão de bom senso", sustentou.
A reunião acontece depois de uma recomendação para alterar o regulamento municipal de habitação, permitindo despejar de casas municipais quem comete crimes: "Ao ser provada a participação e/ou incentivo nestes ilícitos, seja dada imediata ordem de despejo". Para o líder do Chega isto "é algo que até devia ser relativamente consensual" e "deveria decorrer da interpretação básica da Constituição".
Questionado sobre o que aconteceria à família da pessoa que participou nos distúrbios, o presidente do Chega disse que o objetivo da proposta não passa por "deixar crianças na rua".
"A nossa primeira sanção, digamos assim, é para as pessoas que são titulares dessas casas e se envolvem na destruição do património público. O resto, como dissemos desde o início, estamos dispostos a analisar e a verificar qual é a extensão possível dessa sanção", indicou.
Ventura considerou que "quem destrói um património público está a cometer um ataque aos nossos impostos e um ataque àqueles que estão a fazer um esforço para eles terem casa" e disse não compreender as críticas dos socialistas, entre os quais o antigo primeiro-ministro António Costa: “Não compreendemos muito bem porque é que o antigo primeiro ministro vem imediatamente em defesa de uma situação que devia ser de bom senso".
O líder do Chega desafiou também o PS a clarificar a sua posição em relação ao presidente da Câmara Municipal de Loures, o socialista Ricardo Leão, que defendeu o despejo "sem dó nem piedade", de habitações municipais, de inquilinos envolvidos nos recentes distúrbios ocorridos em vários bairros da periferia de Lisboa. Ventura considerou ainda que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, não retirou a confiança política a Ricardo Leão porque "sabe que o Chega tem razão".
Em declarações anteriores, o presidente do Chega já tinha mostrado intenção do partido em alagar esta proposta a todo o país e não só ao concelho de Loures: “Nós neste orçamento de estado vamos propor que esta seja uma obrigação em todo o país”.