A meio de novembro, dois meses depois do início do ano letivo, há pais com os filhos em casa por falta de vagas nas escolas. Isabel Peralta tentou mudar a filha de escola, mas a resposta tardia da Direção-geral dos Estabelecimentos de Ensino (DGEstE) forçou-a a colocar a filha numa escola privada para não prejudicar a aprendizagem
“Quando me apercebi de que ela não teria ficado em nenhuma das colocações, tentei por email, tentei por carta registada contactar a DGEST e nunca tive resposta. Praticamente um mês depois do início das aulas, contactaram-me do agrupamento de escolas da área de residência a perguntar se eu pretendia colocar a minha filha numa vaga numa das escolas desse agrupamento, ao que eu disse que não porque não fazia sentido e eu tinha uma opção”, explica Isabel Peralta.
Assim como Isabel, também Monique relata o mesmo. A uma quinta-feira devia estar na escola, mas desde o final do ano letivo passado que não vê o interior de uma sala de aula.
Após contatos sucessivos com a DGEstE, as encarregadas de educação perceberam que são vários os alunos nesta situação.
Confrontado com o problema da falta de vagas, à SIC o Ministério da Educação diz que este problema se verifica sobretudo nos territórios de maior densidade populacional, sobretudo nos concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, onde existe um número elevado de crianças e jovens migrantes.
O Ministério remete, ainda, responsabilidades para os pais por falta de cumprimento do prazo das matrículas ou incorreções no preenchimento de dados. No entanto, nos cinco casos de que a SIC teve conhecimento isso não se verificou.
Questionado pelo motivo da falta de vagas a resposta é apenas uma: “esta situação é potenciada pelo aumento da população migrante que continua a crescer”.
Ainda que o Ministério da Educação garanta estar a par da situação e a desenvolver estratégias conjuntas entre os serviços da rede escolar, os diretores das escolas e as autarquias, o filho de Monique continua em casa sem aulas.
“Eu já estou cansada desta situação porque é preocupante . É ele que está a perder porque está no oitavo ano, já vai começar as avaliações e ainda não estudou nada”, explica Monique Alves.