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"Um espaço de todos e para todos": centro em Lisboa combate a solidão dos mais velhos

A solidão dos idosos é um problema cada vez mais sério, principalmente nas grandes cidades. As relações de vizinhança são escassas em várias zonas. Uma iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tenta agora devolver algum conforto e companhia.

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A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem dois centros intergeracionais com residência colaborativa. A SIC visitou o Ferreira Borges, em Campo de Ourique, que diariamente dá apoio a dezenas de idosos com um único objetivo: combater a solidão.

Quem passa pela Rua Ferreira Borges, repara que o número 122 é diferente dos restantes edifícios. Mas as diferenças não são apenas no exterior. Este centro intergeracional “é um espaço de todos e para todos”, diz a diretora Isabel Araújo.

Todos os dias, dezenas de idosos participam nas atividades do centro. A maioria regressa depois a casa, mas há 12 que vivem aqui em dois andares. O edifício tem nove apartamentos: três duplos, seis individuais.

Rui Mota, de 82 anos, mora no quarto andar, numa apartamento independente com todo o apoio da instituição. Com ele vive o seu amigo inseparável de há 15 anos, o Tito.

No andar de baixo está José Eira, de 65 anos, que partilha casa com Artur há dois anos. Viveu noutros lares mas diz que não tinha o que encontrou neste centro: "A melhor coisa que eu fiz foi vir para cá", garante.

Neste centro só há horários para as refeições e para as atividades. Mas só participa quem quer, não há imposições.

A primeira aula do dia chama-se Despertar e é diária. Mas há muito mais, como dança, ginástica, pilates e culinária. Há até um jornal, onde quase todos podem participar.

30 anos depois de se reformar, Maria José Raposo, de 87 anos, voltou a ter aulas de inglês. Não vive aqui, mas é cá que passa os dias. Guilhermina Paiva também não mora no centro, mas há uns meses um problema cardíaco obrigou-a a abrandar o ritmo. Ainda assim, com 102 anos, não dispensa a aula de zumba.

“Só nos falta ir à SIC”

Combater o isolamento social dos idosos e a insegurança habitacional são alguns objetivos do centro, que conta com várias parcerias com diversas instituições.

E os utentes sempre que podem gostam de sair. Já visitaram museus, jardins, praia, restaurantes. No entanto, a visita que mais querem fazer ainda não se concretizou.

"Só nos falta ir à SIC. É um desejo de todos e da 'Ção'. Conhecer a menina Diana Chaves e o nosso querido João Baião", afirma a utente Conceição Mateus.