O medo impede que os moradores do Bairro Cidade Nova falem abertamente sobre as detenções realizadas pela Polícia Judiciária na sequência dos desacatos de 24 de outubro. Mas quando a câmara da SIC é desligada dizem que o principal responsável pode não estar entre os detidos pela PJ. Terá sido ele a incendiar o autocarro da Carris e a impedir que o motorista saísse.
Contam que deixou de ser visto no dia seguinte, que sofreu queimaduras nos pés e que terá fugido para lugar incerto. No local onde tudo aconteceu permanecem os vestígios da violência daquela noite. Uma memória que continua a marcar quem aqui vive.
“Naquela noite, só comecei a aperceber pelo barulho e ouvir muita gente, e depois vim cá fora, como houve centenas de pessoas que o fizeram, e foi realmente a coisa mais medonha que eu vi e assisti até hoje”, diz uma moradora à SIC.
Alguns moradores dizem ainda que os 3 homens agora detidos fazem parte de um grupo, alegadamente violento e que serão responsáveis por vários assaltos nos últimos meses. Afirmam que a detenção da PJ devolveu alguma segurança ao bairro.
“Foi uma sensação de alívio, da qual eu gostaria muito que eles ficassem lá muitos anos. Eles e todos os que fazem isto”, diz uma moradora.
Esta quarta-feira 50 inspetores realizaram buscas a 8 casas no bairro Cidade Nova em Santo António dos Cavaleiros. Seis suspeitos foram levados para interrogatório na sede da PJ, três foram detidos. Têm entre os 21 e os 23 anos.
Esta quinta-feira, o tribunal de Loures decidiu aplicar a medida de coação mais gravosa a dois deles, “indiciados pelos crimes de homicídio qualificado na forma tentada, incêndio e dano, praticados na noite do passado dia 24 de outubro”. O terceiro arguido também estava indiciado pelos mesmos crimes, mas o Ministério Público entendeu constituí-lo arguido apenas por tráfico de droga.