A chamada foi feita pela secretária pessoal de António Lacerda Sales que era então secretário de Estado da Saúde.
"Mencionou-me que, em nome do senhor secretário de Estado, vinha solicitar o agendamento de consulta de neuropediatria para duas crianças. Fiquei surpresa e apreensiva, mas dei seguimento à solicitação", disse Ana Gouveia Lopes durante a comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras.
A diretora de pediatria do Hospital de Santa Maria garantiu, por diversas vezes, aos deputados que apenas o nome de Lacerda Sales estava associado ao pedido e que só quando se iniciou a investigação é que ouviu falar numa possível ligação ao filho do Presidente da República.
Na comissão de inquérito, ao caso das gémeas luso-brasileiras, Ana Gouveia Lopes admitiu que não se sentiu confortável com a situação, que considerou atípica. A marcação também não seguiu o caminho habitual, o da triagem pelos médicos especialistas.
Neuropediatra também foi ouvida esta terça-feira
"Estas consultas não tiveram esse pedido no sistema", disse Ana Sofia Moreira Sá.
A neuropediatra lembrou que as meninas tinham indicação clínica para o tratamento e explicou o que a levou a ser uma das autoras da carta dirigida ao diretor clínico do hospital, na qual deixava um alerta.
Ainda que tenham reconhecido que o processo não correu dentro do que é habitual, tanto a neuropediatra, como a diretora do serviço, garantiram que o tratamento às gémeas não pôs em causa os cuidados a outras crianças.
A comissão parlamentar de inquérito está já numa fase final de audições. Altura em que se ficará a saber a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República fez saber que só decide se responde ou não à comissão sobre o caso que envolve o filho, Nuno Rebelo de Sousa, quando todos forem ouvidos pelos deputados.