António Costa entende o silencio sobre a Operação Influencer como prova de que não há indícios que o incriminem. Na primeira entrevista como presidente do Conselho Europeu, reafirma que está tranquilo sobre o processo. Explicou ainda que vai deixar de participar em atividades partidárias e que não tem qualquer intenção de se candidatar à Presidência da República.
António Costa ocupa agora um dos cargos mais importantes da União Europeia, um ano depois de se ter visto envolvido num processo judicial, que o levou a demitir-se como primeiro-ministro português. Um processo que ainda não chegou ao fim.
"Tenho a consciência tão tranquila como tinha antes. Fiz o que me competia, pedi para ser ouvido, fui ouvido. Se houvesse indícios, a lei obrigava a ser constituído como arguido. Não fui constituído como arguido. Deduz-se, portanto, que não havia indícios que justificassem essa constituição e depois disso não tive mais notícias", declarou o ex-primeiro-ministro, em entrevista ao Observador.
No final de outubro, o novo procurador-geral da República confirmou que, apesar de não ser arguido, o ex-primeiro-ministro continua a ser investigado. Costa garante não terqualquer receio.
"Não temo nada. Quem não deve, não teme. Estou tranquilo e respeito as instituições. O Ministério Público tem, naturalmente, o seu tempo, os seus meios, os seus critérios de investigação. É deixá-los trabalhar", afirmou.
Candidatura a Belém? “Não vou incomodar ninguém”
Sobre futuros cargos em Portugal, o ex-primeiro-ministro insiste que não tem interesse na Presidência da República.
"Foi uma função que sempre disse que não quereria ter. E que não quererei ter. Nisso podem estar tranquilos, não vou incomodar ninguém”, atirou.
Ataque a Pedro Nuno?
António Costa recusa também vir a participar em atividades partidárias nacionais, por causa do novo cargo. Contudo, há um mês, antes de assumir funções, assinou um artigo de opinião que foi visto como um ataque à liderança de Pedro Nuno Santos - algo que o ex-líder socialista nega.
"Não tinha qualquer outra intenção para além daquela que estava exata e precisamente escrita”, frisou.
A entrevista ao Observador incidiu também sobre temas internacionais. O novo presidente do Conselho Europeu anunciou que já pediu para ser marcada uma conversa com Donald Trump, que diz ser "útil", e defendeu que só a Ucrânia pode definir os termos da paz. Alerta, todavia, que aceitar que um país use a força para mudar as fronteiras é um precedenteque "conduziria o mundo para o caos".