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Obstetrícia: janeiro será problemático em Setúbal, médico apela à criação de "urgência metropolitana"

O médico e comentador da SIC Francisco Goiana da Silva adianta que o mês de janeiro será difícil na região de Setúbal, com os hospitais de Barreiro e de Almada a encerrarem as urgências de obstetrícia durante 16 dias e com o de Setúbal a fechar durante seis.

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Francisco Goiana da Silva, médico e comentador da SIC, adianta que, em janeiro, os hospitais do Barreiro e Garcia de Orta, em Almada, vão encerrar as urgências de obstetrícia durante 16 dias e o de Setúbal seis dias. Nesse sentido, defende a criação de uma urgência metropolitana.

Sobre o projeto-piloto lançado em Lisboa e Vale do Tejo, o médico explica na SIC Notícias que é obrigatório ligar para a linha SNS Grávida (808 24 24 24).

Nos casos em que a triagem não acontece e as grávidas se dirigem para a maternidade, serão recebidas por um enfermeiro especialista que fará a triagem. Se forem casos urgentes, serão admitidas no hospital. Se não forem urgentes, vão ser, por exemplo, reencaminhadas para o centro de saúde, acrescenta.

O comentador da SIC diz ainda que há exceções em que as grávidas têm "via verde" e se podem dirigir "de imediato" às urgências do hospital. É o caso de risco iminente de vida, perda de consciência, convulsões, dificuldade respiratória, hemorragia abundante, traumatismo grave e dores muito intensas.

Contudo, nem todas as ULS vão começar de imediato o projeto. Na Península de Setúbal, por exemplo, só vai ser implementado em 2025.

Região de Setúbal é "problemática": qual a solução?

Na SIC Notícias, o médico refere que a comissão nacional de saúde materno infantil esteve reunida esta segunda-feira com os três hospitais da Península de Setúbal, uma área "muito problemática", para "tentar chegar a um modelo" para a criação de uma urgência metropolitana de ginecologia e obstetrícia.

Ou seja, em vez de os hospitais estarem constantemente a "abrir e a fechar", com encerramentos rotativos, as equipas "concentrarem-se num hospital" e terem a urgência "sempre aberta".

O médico adianta que, segundo as suas fontes presentes na reunião, em janeiro, o Hospital do Barreiro terá "16 dias sem equipas mínimas" para abrir a urgência, assim como o Hospital Garcia de Orta, em Almada. O de Setúbal terá o serviço encerrado durante seis dias.

Francisco Goiana da Silva diz compreender o "amor à camisola" de cada equipa, mas apela a que os profissionais pensem no "interesse superior das grávidas" da Península de Setúbal e, consequentemente, criem a urgência metropolitana.

Plano de inverno: as urgências gerais

Quanto ao plano de inverno, assinala que metade das pessoas que se dirigem às urgências hospitalares são casos não urgentes, que poderiam ser resolvidos nos cuidados de saúde primários.

Nesse sentido, o plano de inverno pretende "condicionar" as idas às urgências. "A primeira linha é sempre a do SNS 24 para uma triagem telefónica", reforça.

Para as urgências devem ir pessoas transportadas pelo INEM, referenciadas pelo centro de saúde e exceções.

Negociações na saúde

O comentador da SIC analisou ainda as negociações na saúde. Na sua opinião, há um "clima de colaboração e de diálogo".

"Acho que na próxima semana, dia 23, o Governo vai dar uma boa notícia e chegar a um acordo. Acho que vai ser uma boa jogada, uma boa estratégia. Estou otimista quanto à capacidade negocial", afirma.