O ex-vice-presidente da Câmara de Gaia garante que não existe qualquer irregularidade nas contas bancárias, depois de, na semana passada, a PJ ter detetado mais de 100 mil euros não justificados nas contas de Patrocínio Azevedo.
A análise da Polícia Judiciária incidiu sobre os rendimentos de Patrocínio Azevedo e da mulher entre 2018 e 2023, ano em que foi detido, e passou a pente fino quatro contas bancárias.
A conclusão foi a de que mais de 106 mil euros não encaixam no património legal declarado ao Fisco pelo ex-vice-presidente da Câmara de Gaia. A suspeita do Ministério Público é, por isso, a de que esse valor foi obtido de forma ilícita pelo arguido.
Mas num documento a que a SIC teve acesso essa tese é desmentida pela defesa de Patrocínio Azevedo, que apresenta justificações para a diferença detetada pelo gabinete de recuperação de ativos da PJ.
As explicações de Patrocínio Azevedo
Uma argumentação sustentada em três factos e respetivos montantes: a liquidação de um empréstimo de um imóvel, a utilização do plafond do cartão de crédito e, por fim, o facto de não terem sido contabilizados rendimentos do casal.
No caso dos 75 mil euros, a defesa garante que é apenas uma transferência entre contas do mesmo titular. Explica que, depois de ter contraído um empréstimo de 130 mil euros dando como hipoteca um imóvel, foi emitido um cheque de 75 mil euros para liquidar um empréstimo anterior que tinha com um outro banco.
A defesa do ex-vice-presidente da Câmara de Gaia alerta que as contas da PJ falham também ao não considerarem movimentos a crédito de mais de 15 mil euros, efetuados entre o plafond do cartão e a própria conta.
Por outro lado, o documento a que a SIC teve acesso assegura também que houve rendimentos quer de Patrocínio Azevedo, quer da mulher que não foram tidos em conta - num valor de mais de 17 mil euros.
Argumentos que a defesa promete explicar em tribunal, num julgamento que está marcado para dia 6 de janeiro e que envolve cinco arguidos e oito empresas.
Patrocínio Azevedo é acusado de mais de uma dezena de crimes entre os quais corrupção passiva e participação económica em negócio.