Na sua segunda audição na comissão parlamentar de inquérito, António Levy Gomes voltou a mencionar o envolvimento de Marcelo Rebelo de Sousa na marcação da consulta para as gémeas no Hospital de Santa Maria. O médico acusou ainda o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de o ter "desancado" na conferência de imprensa que se realizou em dezembro de 2023, no Palácio de Belém, sobre o caso das gémeas.
"Não sei se o Presidente da República quis arrumar a casa, incompatibilizar-se com o filho, desancar-me a mim publicamente de uma forma pouco elegante, no fundo, dizendo que eu tinha lançado uma coisa qualquer, coisa com a qual houve repercussões. Gostava de ter um pedido de desculpa público do Presidente da República em relação à atitude que ele teve comigo, por ter dito que lancei este assunto", disse, após ser interpelado pelo líder do Chega André Ventura.
Em 4 de dezembro do ano passado, o Presidente da República mencionou que o chefe de serviço de pediatria do Hospital de Santa Maria, António Levy Gomes, "pôs na comunicação social" uma resposta sua a um email dele, que disse não ter encontrado:
"São milhares de mails, de há quatro anos, não guardo todos os mails".
No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa realçou a mensagem que lhe é atribuída nessa resposta, de que não há "privilégio nenhum para ninguém e por maioria de razão para filho de Presidente".
O neuropediatra garantiu também que Lacerda Sales lhe assegurou que não pediu a consulta para as meninas. Apesar disso, outros intervenientes no caso continuam a associar o ex-secretário de Estado ao pedido junto do hospital.
Levy Gomes foi também um dos signatários de uma carta em que os médicos alertavam para os riscos financeiros de aceitar casos semelhantes, apontando que cada tratamento tinha um custo de dois milhões de euros.
A comissão parlamentar tem a sua última sessão deste ano marcada para esta quinta-feira e suspenderá os trabalhos até ao dia 6 de janeiro.