Estamos a aproximar-nos de uma quadra festiva de união, comunhão e celebração. Apesar do quadro mais consumista que por vezes domina a época natalícia, esta é uma data religiosa, uma tradição cristã e, num país de diversidade cultural e religiosa, o jornalista da SIC João Maldonado quis perceber de que forma as diferentes religiões vivem esta época do ano.
O fenómeno religioso é muito provavelmente o tópico na sociedade que maior impacto tem nas decisões que tomamos no dia a dia, impacto que se reflete nas ações de cada pessoa e que passa muitas vezes por o que comemos, em que partido votamos, quanto tempo paramos por dia para refletir o que o que fazemos, qual o sentido que damos ao nosso trabalho. Isso é o interesse do fenómeno religioso nesta altura de Natal.
O Natal é uma proposta cristã, do calendário cristão, que nos pede para que possamos refletir sobre a caridade, sobre o amor, sobre a partilha.
Em Portugal, dizem os últimos censos, a maior parte das pessoas é de religião cristã. No entanto, há milhares de pessoas que aqui vivem que não pertencem a essa religião e vivem em autênticas comunidades de outras fés.
A reportagem da SIC quis saber como estas outras fés, estas outras comunidades, vivem esta época, se lhes é completamente indiferente ou se aproveitam para refletir precisamente sobre esses valores, sempre numa perspetiva muito ecuménica de tentar perceber se entre as diferenças pode haver uma união.
O que é o Islamismo?
Segundo os últimos dados, que são os censos de 2021, 36.480 pessoas dizem-se muçulmanas a viver em Portugal, comparando com os últimos censos de 2011, o número cresceu bastante. Em 2011, eram cerca de 20.000 as pessoas que diziam ser muçulmanas
O Islamismo é uma das três religiões abraâmicas, isto é, que acredita num só deus. Na base estão os ensinamentos de Maomé, o último profeta, aquele a quem foi revelada a verdade que depois é escrita é no Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. Maomé viveu entre os séculos VI e VII depois de Cristo, no calendário cristão.
O Islamismo tem duas grandes correntes: Sunitas e Xiitas. Sunitas serão 80 a 90% dos muçulmanos, xiitas serão 10 a 20%. Entre os xiitas incluem-se, por exemplo, os ismailis,
A reportagem da SIC esteve na Mesquita Central de Lisboa, que pertence aos Sunitas, e entrevistou o Sheik David Munir - Sheik quer dizer teólogo - que é o imã, o líder desta comunidade religiosa.
O Corão e a Bíblia: que pontos comuns?
O Islamismo e o Cristianismo têm um passado comum. Jesus, o pilar da fé cristã, está presente no Corão, porque é uma figuras histórica na qual o Islão também acredita.
Mas ao contrário do que acreditam os cristãos, para o Islamismo Jesus não é o filho único de Deus, é um profeta, é alguém que até se pode admitir, segundo o Islão, que possa ter tido contacto direto com Deus, mas é um dos profetas. No Corão também é referida maria, mãe de Jesus.
A celebração do nascimento de Jesus
Há duas festas principais sagradas no calendário Islâmico, acontecem no 9º e no 11º mês do calendário Islâmico. O primeiro Eid (festa) acontece depois do Ramadão, é um dia de festa, depois de um período um mês inteiro de jejum; o segundo Eid acontece no final da conhecida Peregrinação a Meca.
A celebração cristã do nascimento de Jesus a 25 de dezembro não é celebrada pelo Islão. Em Portugal, os muçulmanos aproveitam o dia feriado para rezar na Mesquita Central.