Hugo Soares critica Pedro Nuno Santos e acusa os socialistas de perderem “a vergonha”. Em causa estão as palavras do secretário-geral socialista, que afirmou que o Partido Socialista (PS) “sempre foi mais eficaz” do que o Partido Social Democrata (PSD) a garantir a segurança dos portugueses.
“PNS é de gargalhada! Os socialistas perderam a vergonha! Não mudaremos de rumo”, escreveu o líder parlamentar do PSD, na rede social X.
Pedro Nuno Santos afirmou, este domingo, que, se a insegurança em Portugal aumentar, será culpa de Luís Montenegro e do Governo que lidera. O secretário-geral do PS declarou que o atual Executivo recebeu uma “herança positiva”, em matéria de segurança, dos anteriores governos socialistas, e afirmou que o PS “sempre foi mais eficaz” neste tópico.
Hugo Soares contraria as afirmações do líder socialista recorrendo aos dados doRelatório Anual do Instituto de Economia e Paz 2023, o Índice Global da Paz. O líder da bancada social-democrata nota que Portugal é o 7.º país mais pacífico do mundo e que desceu na tabela “pelo 3.º ano seguido”.
Se é certo que, em 2023, Portugal ocupava a sétima posição do ranking, descendo pelo terceiro ano consecutivo (depois de ter estado em 6.º lugar em 2022 e em 4.º lugar em 2021), Hugo Soares deixa de fora os dados mais recentes, do Índice Global da Paz de 2024, em que Portugal voltou a ocupar a 7.ª posição.
Outro ponto referido pelo líder da bancada do PSD é que, no Índice Global da Paz de 2023, Portugal ocupava a “pior posição desde 2015”. Um dado que, contudo, não abona a favor do argumento dos sociais-democratas – uma vez que, nessa altura (quando Portugal estava em 11.º lugar), era precisamente um Executivo do PSD, o último governo de Passos Coelho, que estava no poder. Desde então, sempre com executivos socialistas a governar, o país tem ocupado posições superiores, variando entre o 3.º e o 7.º lugar.
A polémica no Martim Moniz
A reação de Hugo Soares às críticas de Pedro Nuno Santos surge na sequência da polémica com a ação policial que ocorreu no Martim Moniz, em Lisboa, e que ficou marcada pela imagem de dezenas de imigrantes encostados à parede.
Para Pedro Nuno Santos, a operação em causa foi “desproporcional” e não teve “resultados relevantes”, mas é vista pela direita como a “chave para a segurança dos portugueses”.
Após ter, inicialmente, defendido que a operação servia para aumentar a tranquilidade dos portugueses, o primeiro-ministro veio agora admitir que não gostou de ver as imagens de dezenas de estrangeiros encostados à parede. Em entrevista ao Diário de Notícias, Luís Montenegro recusa, contudo, que a ação policial tenha sido motivada por questões raciais e diz não ter visto nela qualquer desrespeito pela dignidade das pessoas.
O caso vai chegar à Provedoria de Justiça, depois de vários deputados e personalidades públicas terem assinado uma queixacontra a atuação policial. Também a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um processo e já pediu esclarecimentos à Polícia de Segurança Pública (PSP) sobre a operação.