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Demissões no SNS: Ministério quer "novas estratégias", mas razões técnicas estão por explicar

O que sobressai nas substituições de conselhos de administração de unidades locais de saúde é que, quem sai, tinha sido escolhido por Fernando Araújo, o diretor executivo do SNS do Governo socialista de António Costa.

Ministra Ana Paula Martins na Comissão de Saúde
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A ministra da Saúde não explica as razões que a levaram a demitir as administrações das unidades locais de saúde de Santarém, Portalegre e Leiria. O Ministério diz apenas que quer novas estratégias e abordagens de gestão. O Presidente da Associação de Administradores Hospitalares avisa, no entanto, que o critério de escolha não pode ser apenas político.

Não foram as únicas, mas estas são as três últimas substituições do ano: a de Leiria, que aconteceu há 24 horas, e também a do Alto Alentejo e da Lezíria na sexta-feira. A que representa o distrito de Santarém fez questão de explicar que sai "por decisão do Ministério da Saúde" e que a jornada chegava ao fim, sublinhando que tinha feito um trabalho que considerava histórico por ter "consolidado um modelo de proximidade e integração".

Mas o mesmo já tinha acontecido aos Conselhos de Administração das ULS do Algarve e de Almada-Seixal, em outubro.

Sem apontar razões técnicas, a determinação do Ministério da Saúde chegou-lhes de supetão. Respondendo a esta questão, no sábado, a tutela informou numa frase que:

"A Direção Executiva (...) procedeu a mudanças (...) de acordo com novas estratégias e abordagens de gestão".

Palavras que pouco dizem a quem conhece a realidade e o trabalho feito por quem está agora no olho do furacão.

"Infelizmente isto tende a acontecer sempre que um novo Governo assume funções. O exercício deste tipo de cargos é um exercício técnico", disse, à SIC, Xavier Barreto, presidente da Associação portuguesa de administradores hospitalares.

O que o Bastonário da Ordem dos Médicos constata é que a vantagem pretendida pelas mudanças em curso ainda não é óbvia.

"É preciso análise mais fina e percebermos em que é que este plano estratégico, a sua implementação, melhorou a vida das pessoas. (...) Se a avaliação desta comissão é uma melhoria de 70% e, certamente, terão dados objetivos para o afirmar, eu não acho que tenha havido uma melhoria do SNS, se a podemos quantificar, nesta ordem de grandeza", considerou, em entrevista à SIC, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.

O que sobressai nestas substituições de conselhos de administração de unidades locais de saúde é que, quem sai, tinha sido escolhido por Fernando Araújo, o diretor executivo do SNS do Governo socialista de António Costa.