País

Falta de guardas, sobrelotação e muitas falhas: Governo apresenta relatório sobre auditoria às prisões

Presos a mais, guardas a menos e falhas nos equipamentos, na gestão e na organização prisional. São conclusões da auditoria a 49 prisões do país depois da fuga de 5 reclusos da prisão de Vale de Judeus. A auditoria pedida pelo Governo em setembro, está pronta mas não será revelada por razões de segurança

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O relatório foi entregue na última sexta-feira, mas o Governo só divulgou as conclusões gerais para evitar a exposição pública dos riscos de segurança nas prisões portuguesas.

Sobrelotadas, com "escassez de guardas prisionais ao serviço, “insuficiência de encarregados da videovigilância", torres de vigia que não funcionam, viaturas celulares e de serviços gerais antigas e degradadas.

Os locais para visitas são muitas vezes desadequados. Há reclusos preventivos em estabelecimentos concebidos para reclusos condenados, e prisões a precisarem de obras.

“Repare que o Estado português nos últimos cinco anos pagou mais de um milhão de indemnizações a reclusos pelas condições desumanas em que eles habitam. O sindicato andou a anunciar isto há muito tempo. Eu até disse uma vez na brincadeira na primeira comissão que esperava que não me apontassem o dedo por eu ter dito que podia haver uma fuga”, diz Frederico Morais, do sindicato nacional dos guardas prisionais 

A auditoria avaliou 49 prisões. Encomendada pelo Governo há 4 meses depois da fuga  de cinco reclusos da prisão de Vale de Judeus, aponta falhas na organização e na gestão dos recursos humanos.

Deteta ausências prolongadas com grande incidência de acidentes em serviço, doenças profissionais e baixas médicas. Anota, também, a faixa etária avançada do corpo de guardas prisionais que o novo diretor-geral já tinha considerado insuficientes.

“Necessita urgentemente de reforçar o quadro de pessoal de vigilância nos estabelecimentos prisionais e implementar um plano de recrutamento e incorporação plurianual. Necessitamos, ainda, urgentemente, da reorganização das várias carreiras existentes. Sem estas questões resolvidas, não existe possibilidade de sermos minimamente bem sucedidos”, diz Orlando Carvalho, Diretor-Geral de Reinserção e Serviços prisionais
“É preciso haver a tecnologia, mas em sintonia com a matéria humana que é o corpo da guarda prisional. O Governo neste relatório diz que vai tomar medidas, mas é importante passarmos para a ação”, afirma Frederico Morais.   

O relatório aponta falhas nas infraestruturas e limitações como a falta de um sistema que impeça o arremesso de objetos nalguns estabelecimentos prisionais.

O Governo limitou-se, por agora, a distribuir um comunicado da ministra da Justiça com as principais conclusões da auditoria onde diz apenas já ter pedido à Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais para dar início imediato ao plano de correção das falhas detetadas.