País

"É uma falta de respeito": 600 pessoas assinam queixa contra operação no Martim Moniz

Foi entregue esta segunda-feira uma queixa na Provedoria da Justiça contra a operação policial no Martim Moniz. A SIC foi ao bairro da Mouraria falar com comerciantes para perceber o que mudou nas últimas semanas.

Loading...

Arpinder está em Portugal há 25 anos. Conhece bem as ruas de Lisboa e do Martim Moniz, mas sente que muito mudou desde que chegou à capital. Começou a trabalhar na construção civil, agora é dono de um restaurante e de duas lojas de telemóveis.

“Esta zona está estragada. Precisa de mais segurança. Isso ajudar-nos-ia porque o negócio está cada vez pior. Se não, um dia destes temos de fechar”, confessa Arpinder.

Na rua dos Cavaleiros, no coração do Martim Moniz, Taslin tem um comércio e sente na pele os efeitos da operação policial do mês passado. Ações como essa, para ela, “são um problema e uma falta de respeito”.

Também indignada com estas imagens está a presidente da Associação Renovar a Mouraria. Filipa Bolotinha é uma das mais de 600 pessoas que assinou uma queixa a condenar a operação policial que foi entregue esta segunda-feira na Provedoria da Justiça.

Filipa diz que tipos de operações como esta estabelecem uma relação entre insegurança e imigrantes.

“Sei que pessoas portuguesas passaram pela rua naquele momento [da operação] e foi lhes dito para seguirem”, conta a presidente da Associação Renovar a Mouraria.

Lisboa vai sair à rua contra o racismo

Uma moradora diz que Portugal está a caminhar "para um extremo em que, por não termos condições ideais para viver, acabamos por colocar a culpa em pessoas que são as mais frágeis”.

Este sábado há uma manifestação, com o mote "Não nos encostem à parede", contra o racismo e a xenofobia, que vai descer a Almirante Reis e terminar na praça do Martim Moniz.