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Análise

Rixa no Martim Moniz: "empolamento político" e a necessidade de políticas públicas

O Coronel Francisco Rodrigues, presidente do OSCOT, e António Brito Guterres, Assistente Social e Investigador em Estudos Urbanos, analisam os desacatos de domingo no Martim Moniz, em Lisboa.

Populares caminham na Rua do Benformoso, no Martim Moniz, em Lisboa
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Nos desacatos no domingo na Rua do Benformoso, em Lisboa sete pessoas ficaram feridas, três delas foram hospitalizadas. Duas da vítimas terão sido agredidas com uma faca e as restantes com paus e barras de ferro. A PSP confirma que a rixa envolveu estrangeiros de grupos rivais e garante que este não é um caso isolado. Até agora, não há detidos nem suspeitos identificados e a segurança no local foi reforçada.

António Brito Guterres considera que é preciso relativizar e lembra as inúmeras rixas que aconteceram durante o fim de semana, em espaços noturnos ou no dérbi. "Ontem uma jovem apareceu morta depois de uma festa; há quatro dias um homem assassinou a mulher à frente dos filhos", exemplifica.

"O que aconteceu ontem, o acontecimento em si e a sua cobertura [mediática] (...) parece que estamos a vender o medo (...) para vender um Estado securitário".

Este incidente demonstra que "temos de olhar com mais atenção para políticas públicas, para acessos, para as pessoas fazerem parte da cidade".

O presidente do OSCOT, Coronel Francisco Rodrigues, também confessa sentir "um empolamento político da situação" e salienta a necessidade de resolver vários problemas da nossa sociedade.

"Nós temos problemas nas forças de segurança para resolver, há muito: efetivos, meios, capacidade de resposta. Temos problemas locais diversos, problemas de destruturação social em determinadas zonas, em determinados bairros, as condições sociais em que algumas pessoas vivem, sejam elas imigrantes ou sem ser imigrantes. Nós vivemos em Portugal níveis de pobreza muito elevados (...) neste momento, acho que devíamos concentrar muito os esforços na procura de soluções".