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"Pagaremos caro": Miguel Relvas diz que desagregação de freguesias "é inaceitável"

O antigo ministro, que conduziu o processo de união de freguesias, em 2013, acredita que a medida, votada esta sexta-feira no Parlamento, "é um retrocesso políticos".

"Pagaremos caro": Miguel Relvas diz que desagregação de freguesias "é inaceitável"
Francisco Seco

Miguel Relvas, antigo ministro do Governo do PSD, considera que a desagregação de 135 uniões de freguesias é um "erro" que "vai custar caro" ao país.

Em declarações à Antena 1, esta sexta-feira, o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares entende que o atual Executivo deveria "andar a olhar para as assimetrias regionais" ao invés de "criar mais lugares clientelares".

"Eu acho que isto é inaceitável", considera.

Para Miguel Relvas, o processo que irá conduzir à desagregação freguesias foi conduzido pelo "baixo clero parlamentar" e nota que são os concelhos "mais pobres e com menos dimensões" que passam a ter mais freguesias.

"Não cria nenhuma freguesia nem desdobra nenhuma freguesia em Lisboa, no Porto, em Oeiras, em Cascais. Nos concelhos mais ricos, esses sabem que a escala é uma solução para os problemas", refere.

O antigo deputado social-democrata vinca que a medida é "um erro e um retrocesso político".

"Pagaremos caro, mas nós assim não vamos lá", defende.

Portugal reduziu 1.168 freguesias do continente em 2013

O projeto de lei, subscrito por PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, tem em conta 135 processos de pedidos de reversão, quase todos de uniões de freguesias de Portugal continental, mas também repõe freguesias que tinham sido extintas, como a de Brenha, na Figueira da Foz, e a de Bicos, em Odemira.

O PCP entregou também na Assembleia da República uma proposta de aditamento para acrescentar a reposição de mais cerca de meia centena de pedidos de desagregação, muitos dos quais rejeitados por terem entrado no parlamento além do prazo limite.

Segundo o enunciado do projeto conjunto, nos próximos meses existirá um trabalho intenso para preparar a reposição das freguesias a tempo de serem incluídas nos boletins de voto nas próximas eleições autárquicas, previstas para setembro ou outubro.

Em 2013, sob a tutela de Miguel Relvas, Portugal reduziu 1.168 freguesias do continente, de 4.260 para as atuais 3.092, por imposição da 'troika' em 2012, todas no continente, e deixando de fora as Regiões Autónomas.

Caso a proposta votada esta sexta-feira seja aprovada, Portugal passará a ter 3.259 freguesias e uniões de freguesia a partir das próximas autárquicas, um acréscimo de 167 executivos de juntas em relação à situação atual.

Com Lusa