A mortalidade fetal e infantil aumentou 36% de 2022 para 2023 em Portugal. As ordens dos Enfermeiros e dos Médicos pedem a criação de um grupo de trabalho e lembram que há falta de recursos humanos no SNS.
A mortalidade infantil em Portugal está abaixo da média dos 27 países da União Europeia, mas em 2022 e 2023 registou-se um aumento destes valores. O Chega pediu explicações no Parlamento.
"A mortalidade infantil atingiu números máximos desde 2019, podendo as gravidezes mal vigiadas explicar este aumento (...). Representa uma situação extremamente preocupante que nos obriga a entender o porquê da situação, mas sobretudo, a encontrar uma rápida resposta", afirma Sandra Ribeiro, do Chega.
Apesar de ainda faltarem os dados referentes a 2024, os especialistas pedem um estudo preciso dos dados sobre mortalidade fetal e infantil para se perceber a tendência.
"As causas da mortalidade infantil, neonatal e fetal são complexas e múltiplas, abrangendo fatores como a idade da mãe, as condições clínicas individuais, o histórico familiar, a vigilância durante a gravidez, as condições de vida e de acesso aos cuidados de saúde. A Ordem dos Enfermeiros recomenda medidas urgentes: a constituição de um grupo de trabalho multidisciplinar (,,,)", diz Luís Filipe Barreira, bastonário da Ordem dos Enfermeiros.
Já Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, diz que os dados são o "espelho da qualidade dos cuidados de saúde em Portugal e do Serviço Nacional de Saúde".
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a mais afetada. O aumento de óbitos fetais e neonatais foi notório de 2022, quando se registaram 312, para 2023, com 426.
As dificuldades de acesso aos cuidados, tanto nos cuidados primários como nas urgências, foram sublinhados nesta audição parlamentar.
A escassez de enfermeiros e médicos no SNS foi outra das questões que os profissionais deixaram claro nesta audição parlamentar e lembram que a definição da estratégia é política e transcende-os.