No último ano aumentaram as pessoas em situação de sem-abrigo, principalmente em Lisboa. São cada vez mais jovens e famílias que perderam a capacidade de sustentar todas as despesas.
Há também cada vez mais associações que distribuem comida e bens essenciais, mas quem está com dificuldades diz que é insuficiente. Alguns pedem trabalho e apoio para conseguirem sair da rua.
É o caso de Nuno Geraldes, que aos 41 anos é conta com as carrinhas de distribuição de comida para a sua única refeição do dia. A alternativa é procurar no lixo.
À SIC, conta que vive na rua há oito anos depois de uma sucessão de problemas - uma separação, depressão, alcoolismo. Lamenta a falta de acompanhamento e explica que já tentou ir para um albergue mas não têm vagas. Seria a única forma de ter condições para procurar mudar de vida.
“O que eu quero ir para um sítio onde tenha oportunidades de voltar a ter uma oportunidade de vida (...) Não é chegar aqui, de um dia para o outro, e dizer ‘vais trabalhar’... Eu tenho que recuperar, eu estou rebentado, eu cheiro mal, tenho essa noção. Tenho vergonha, às vezes, de me chegar ao pé das pessoas, porque psicologicamente não estou bem.”
Estas pessoas “precisam de alguém que os veja mas que não olhe para eles como se fossem transparentes”, diz Fátima Oliveira, coordenadora das equipas de rua da associação CASA.
O presidente da câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, garante que a autarquia está empenhada no apoio às pessoas que vivem na rua.
“Temos um plano de 7 anos com70 milhões de euros para as pessoas em situação de sem abrigo. Desde que chegámos, tínhamos 800 vagas para acolhimento, já temos 1200 e hoje, em Lisboa eu posso dizer que tenho um grande orgulho naquilo que é feito”, aponta.
Em 2023 eram mais de 13 mil as pessoas em condição de sem-abrigo, 60% na área metropolitana de Lisboa.