As imagens gravadas momentos depois dos quatro disparos foram analisadas ao detalhe pelos procuradores. Na rua principal do bairro, os dois agentes envolvidos na perseguição a Odair Moniz respondiam aos moradores. Horas depois, a PSP justificava que o então suspeito, Odair Moniz, teria tentado agredir os polícias com recurso a arma branca e, sem alternativa, um dos agentes recorreu à arma de fogo, baleando a vítima.
Uma versão que não é confirmada em nenhuma das 29 páginas da acusação e até foi negada por algumas testemunhas, que afirmam nunca ter visto Odair Moniz empunhar qualquer arma branca contra os agentes.
No local do crime, próximo do corpo da vítima, foi apreendido um punhal, conforme consta no auto de noticia. A investigação da Polícia Judiciária (PJ) suspeitou de ter sido ali plantado.
Crime gerou onda de protesto e violência
E com a morte de Odair Moniz, cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, acendeu-se o rastilho da violência em vários locais do país. Foram várias noites de tumultos, sobretudo na zona da grande Lisboa, onde nem os autocarros com passageiros escaparam.
Três meses depois do inicio da investigação, o agente de 27 anos e com apenas dois de carreira na PSP está acusado de homicídio, arriscando 16 anos de prisão.