O deputado não inscrito Miguel Arruda (ex-Chega), suspeito de furtar malas no aeroporto de Lisboa, regressou esta quinta-feira à Assembleia da República, depois de ter estado ausente durante uma semana.
Apesar da insistência dos jornalistas, Arruda não confirmou se pretende prolongar a baixa e não explicou a razão de ter ido ao gabinete médico, não prestando quaisquer esclarecimentos no interior do Parlamento.
Ao jornal Observador, disse antes da chegada que está de regresso para continuar a defender os Açores até ao último segundo em que o deixarem.
Duas semanas de ausência
Eleito nas listas do Chega nas últimas legislativas, Miguel Arruda tinha participado pela última vez numa sessão plenária em 24 de janeiro, precisamente no dia em que o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, tinha anunciado passaria a deputado não inscrito.
Nessa sessão, o deputado tinha-se sentado na última fila do hemiciclo, ao lado da bancada do Chega, o que levou o líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, a protestar, avisando que não se responsabilizaria pelo que se poderia passar durante o plenário.
A conferência de líderes determinou posteriormente que o lugar de Miguel Arruda continuaria a ser o mesmo: na última fila do hemiciclo, no alinhamento da bancada do Chega. Foi nesse lugar que Miguel Arruda se sentou esta quinta-feira.
Chega vai respeitar disposição
Questionado, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República se podia garantir que a bancada do Chega ia receber Miguel Arruda com dignidade, o líder do partido, André Ventura, respondeu que iria "respeitar as decisões democráticas", tomadas em conferência de líderes".
“O Chega assumiu a sua posição, entendia que não devia ser esta a disposição, uma vez que foi assim decidido em conferência de líderes vamos manter a nossa capacidade de respeitar as decisões democráticas. É isso que faremos”, atirou.
Já interrogada se pretendia responder pela ação dos seus deputados caso houvesse algum incidente no plenário, ao contrário do líder parlamentar, Ventura respondeu que é líder do Chega desde 2019.
"Nunca, em momento algum, os portugueses me viram fugir à minha responsabilidade enquanto presidente do partido", disse.
Miguel Arruda regressa à Assembleia da República e até já indicou nomes para o gabinete parlamentar
Em 21 de janeiro, Miguel Arruda foi constituído arguido por suspeita do furto de malas no aeroporto de Lisboa, e nesse mesmo dia a PSP realizou buscas nas casas do deputado em São Miguel e em Lisboa.
Em causa estão suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade. Miguel Arruda terá furtado malas dos tapetes de bagagens das chegadas do aeroporto de Lisboa quando viajava vindo dos Açores no início das semanas de trabalhos parlamentares.
Miguel Arruda desfiliou-se do partido, passou a deputado não inscrito e já indicou dois nomes para o gabinete: Pedro Alexandre de Magalhães Moura, militante do Chega, e Cátia Alexandra Paulos Teixeira. Ambos começaram a prestar serviços na terça-feira.
Com LUSA