Paulo encontrou no mercado abastecedor da região de Lisboa uma alternativa às distâncias que fazia para encontrar bom peixe e depois revender.
“Antigamente fazia outras lotas. Sesimbra, Peniche, Setúbal... agora é mais difícil andar a fazer tantos quilómetros e venho aqui. Há 53 anos que sou vendedor”, conta à SIC.
Do outro lado da banca está José, que há 25 anos trabalha no MARL. Apesar de ser cada vez mais duro, continua a gostar da vida que escolheu.
“Para quem gosta não é difícil, mas é muito trabalhoso. Faço todos os dias pelo menos 14 horas.”
No entanto, o setor vive cada vez mais dificuldades.
“Está-se a vender muito menos, não é nada como era há 25 anos”, diz José.
Os comerciantes atribuem culpas às grandes superfícies, a cada vez menos variedade disponível e ao aumento do custo de vida.
“O peixe não levou um aumento assim tão grande, o que diminuiu foi o poder de compra das pessoas. O pessoal mais jovem também já não quer vir tanto aos mercados municipais”, sublinha Carlos Louro, vendedor.
Algum do pescado vendido no MARL é de aquacultura, outro tanto vem de águas internacionais, principalmente de Marrocos ou Espanha. Há cada vez menos peixe de águas portuguesas.