A pequena Sara prefere não falar da doença que a levou, já não sabe quantas vezes, dos Açores ao Porto. A doença interrompeu a infância e continua a adiar a vida normal desta adolescente.
O primeiro diagnóstico foi aos quatro anos. Agora tem 14 e enfrenta o terceiro cancro.
Sara está na casa da Acreditar desde novembro. Com a mãe partilha um quarto. Na casa há mais 15 famílias.
Apesar das ajudas que recebe do Governo dos Açores, a mãe Verónica não teria como suportar as estadias no Porto.
Por ano, são diagnosticados 400 novos casos de cancro pediátrico em Portugal. Os tumores sólidos representam cerca de 60% dos casos.
Os especialistas olham com preocupação para o aumento de diagnósticos em todo o mundo.
A maioria dos casos tem um desfecho feliz. A taxa de sobrevivência ronda os 80%, mas persistem grandes assimetrias nesta doença onde cabem muitas doenças.
O que acontece atualmente é que a maioria dos tratamentos oncológicos não são especificamente desenvolvidos para a infância e adolescência. Um terço dos sobreviventes lidam com sequelas graves para toda a vida.
O impacto deste diagnóstico na família está para lá do que se possa imaginar. Graças aos donativos, a associação Acreditar ajuda não só as famílias deslocadas como apoia outras que se deparam com o desemprego ou a quebra de rendimentos para conseguirem acompanhar os filhos.
A casa da Acreditar é muito do que um teto. Há uma comunidade que se ajuda, neste que é o maior desafio que as famílias enfrentam: o cancro.