Tentava socorrer o marido numa cave, em Algés. A mulher de 55 anos acabou por morrer afogada. Foi a consequência mais grave das chuvas torrenciais de dezembro de 2022 na Grande Lisboa. Dezenas de casas ficaram destruídas e só em Algés, junto ao Tejo, a tempestade atingiu mais de 100 estabelecimentos comerciais.
Em toda a capital, a força da água arrastou dezenas de carros e foram cortadas estradas e linhas de comboio.
700 mortos e milhares de desalojados em 1967
Mas as inundações em Lisboa, não são de agora e as piores de que há registo foram em 1967. Chuvas torrenciais, aliadas ao pico da maré alta, inundaram bairros inteiros. Estima-se que tenham morrido 700 pessoas e que milhares tenham ficado sem casa.
Com menos impacto, o cenário foi-se repetindo ao longo dos anos e em 2004 é lançado o Plano de Drenagem de Lisboa. 14 anos depois, o plano sai do papel e em 2018 começaram as primeiras obras. Mas só há dois anos começou a ser construído o primeiro de dois túneis que vão captar a água e despejá-la no Tejo.
O maior com cinco quilómetros, vai ligar Monsanto a Santa Apolónia. Uma das maiores obras de sempre na capital, que deverá estar pronta no próximo ano. Em Portugal, por viverem em zonas de risco, cerca de 100 mil pessoas podem ser afetadas por inundações.
Além de infraestruturas, como o plano de drenagem de Lisboa, a solução passa, para alguns especialistas, pela criação de bacias de retenção nas cidades.
Especialistas reúnem-se a 27 de fevereiro num evento BPI, SIC e Expresso
Falta de gestão e de ordenamento do território são as razões apontadas pelos especialistas para grande parte das inundações em zonas urbanas. E há quem considere que cheias como as de há três meses, em Valência, que fizeram mais de 200 mortos, não são evitadas com construções.
Nos últimos 30 anos, mais de três mil pessoas morreram nos países da União Europeia por causa de cheias e mais de cinco milhões foram afetadas. De acordo com a Comissão Europeia, os prejuízos chegaram aos 170 mil milhões de euros.