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Entrevista SIC Notícias

“É cedo para perceber se existe relação com o sismo que aconteceu anteriormente”

Na antena da SIC Notícias, o geólogo Filipe Rosa explica que o facto de em apenas alguns meses terem sido registados dois sismos com “magnitude suficientemente elevada para as pessoas sentirem, por si só não permite nenhum alarme”.

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Um sismo de magnitude 4.7 foi sentido esta segunda-feira à tarde. Na antena da SIC Notícias, o geólogo Filipe Rosa explica que “ainda é muito cedo para perceber se existe algum tipo de relação com o sismo que aconteceu anteriormente”, uma vez que a informação até agora disponibilizada não permite “contextualizar do ponto de vista tectónico o que se está a passar”.

“De qualquer maneira não se trata de um fenómeno anormal (…) O facto de termos dois sismos a ocorrer, separados por poucos meses, e com uma magnitude suficientemente elevada para as pessoas sentirem, por si só não permite nenhum alarme”, explica.

O geólogo adianta que “não há nenhuma razão para presumirmos que há algo muito preocupante a acontecer”.

“Para já há uma coisa que é preciso que as pessoas percebam: é que há muitos, muitos sismos, muitas centenas de sismos a ocorrerem, permanentemente de magnitude relativamente baixa, que as pessoas não sentem. O que distingue esses sismos destes é que, neste caso, a magnitude é um pouco mais elevada, o hipocentro está a uma profundidade relativamente mais baixa, de tal maneira que o sismo tem uma intensidade maior”.

E qual é o problema? "A grande sismicidade com potencial destrutivo"

Assim como explica Filipe Rosas, “os sismos que estão associados à fronteira de placas entre Eurásia e África, que passam a sul ou a sudoeste de Sagres (…) são sismos muito importantes porque dão conta do movimento relativo entre essas duas placas tectónicas”. Já os sismos mais para o interior da placa “tendem a ser de menor magnitude, mas podem ser sismos bastante importantes, com potencial destrutivo, sobretudo porque podem ter um epicentro mais próximo do Lisboa, neste caso, e podem ter uma profundidade mais baixa”.

"Mas, a circunstância de nós tivemos o sismo em agosto e agora estarmos a ter este sismo, por si só, com base na informação que temos, não permite dizer, por exemplo, se temos um cenário de propagação da sismicidade mais grave, chamemos-lhe assim, ao longo da margem para Norte, ou se, com mais probabilidade, se trata apenas da sismicidade, enfim, que vai respondendo à necessidade de acomodar a energia e a distribuição da tensão aqui neste extremo da margem oeste Ibérico."

Um sismo de magnitude 4.7 foi registado esta segunda-feira à tarde. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o epicentro está localizado no oceano Atlântico, a cerca de 14 km a Oeste-Sudoeste de Seixal, e teve uma profundidade de 7 quilómetros. Para já, não há registo de feridos ou de bens materiais.