Enviou milhares de emails e mensagens, fez-se passar pela vítima em sites de encontros e de prostituição e criou montagens com fotografias de teor sexual. Além disso, escolheu uma data e local para um funeral fictício, escreveu um convite para a cerimónia e preparou um obituário.
São apenas parte dos crimes cometidos contra uma colega mais nova da mesma faculdade, em Lisboa. Entre março de 2019 e 2021, a arguida perseguiu a vítima, bem como amigos e familiares, sobretudo através da internet.
De forma sistemática, enviava mensagens perturbadoras com insultos e ameaças, fazia-se passar pela vítima em sites de acompanhantes de luxo e redes sociais, e encomendava produtos, como artigos sexuais, para serem entregues na casa da jovem. Marcava ainda consultas e cirurgias em nome da vítima, divulgava imagens manipuladas de cariz sexual e criou uma angariação de fundos para enviar a vítima para Wuhan, o epicentro da pandemia de covid-19.
As motivações para a perseguição não ficaram claras durante o julgamento. No entanto, os juízes não têm dúvidas de que a arguida, de 28 anos à data dos factos, foi a responsável por todo o plano e pelos milhares de emails anónimos ou enviados em nome de terceiros.
O tribunal considerou que houve uma "extensa prova" de "factos gravíssimos" e concluiu que foi "brutal o que as vítimas passaram", sublinhando que o comportamento da arguida "não tem qualificação".
A sentença inclui uma condenação de 7 anos e 9 meses de prisão efetiva por 18 crimes, entre perseguição, falsidade informática e denúncia caluniosa. A arguida foi ainda condenada ao pagamento de 50 mil euros em indemnizações, sendo 30 mil destinados à vítima principal.
A defesa não quis, até ao momento, comentar a decisão.