O silêncio de Montenegro tem gerado críticas da oposição, que considera semelhante o caso com o do ex-secretário de Estado Hernâni Dias, que se demitiu após polémicas. Até o momento, o primeiro-ministro apenas declarou, por escrito, que não existe qualquer conflito de interesses nem violação do código de conduta.
A polémica centra-se na possibilidade de a empresa, agora gerida pela esposa e filhos de Montenegro, beneficiar da Lei dos Solos. Em resposta ao "Correio da Manhã", o primeiro-ministro afastou a possibilidade de dissolver a empresa ou remover a compra e venda de imóveis da lista de atividades registadas, alegando que não foi celebrada qualquer relação com entidades públicas.
Apesar de ter autorizado uma alteração que permite a compra de propriedades enquanto ainda era gerente da empresa, Montenegro garantiu que tais operações não serão realizadas. Deixou a empresa familiar após ser eleito líder do PSD e afirma não ter qualquer influência nas decisões da esposa e dos filhos.
A Associação Transparência e Integridade considera urgente o esclarecimento das suspeitas. Montenegro já tinha sido investigado pelo Ministério Público quando liderava o PSD, devido à construção de uma casa em Espinho. Na altura, apresentou os documentos necessários numa conferência realizada no dia seguinte à denúncia.
Na terça-feira, o Chega entregou no parlamento uma moção de censura ao Governo por considerar que recaem sobre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, "suspeitas gravíssimas de incompatibilidade" no exercício de funções públicas.
O debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega foi marcado para sexta-feira às 15:00 horas, com uma duração de cerca de três horas, refere a página oficial da Assembleia da República.