Nas notas do discurso havia uma preparada para atacar o que o Bloco de Esquerda (BE) vê como uma porta aberta a mais especulação.
"Tenho a certeza que a lei dos solos vai ser um jackpot para alguém. Não tem de ser para aquele ministro ou aquele secretário de Estado, mas vai ser para alguém", atirou Mariana Mortágua.
No jogo da política, a coordenadora do BE acusa o Governo de olhar para a habitação como um promotor imobiliário. E destaca que Portugal já é o país da OCDE onde é mais difícil comprar casa.
“O Governo é incapaz de dar uma resposta”, "porque vive noutro mundo" e “governa para uma elite e não para a maioria”, disse Mariana Mortágua.
“Há muita coisa por explicar”
Da apresentação da candidata do BE à Câmara, na Amadora, à Assembleia Regional do PCP, no Porto, há um chão comum: lembrar que as alterações que permitem construir em solos rústicos pelo PSD, Chega, IL, CDS e a abstenção do PS.
“Há muita coisa por explicar. A primeira é porque razão alteraram a lei para permitir mais especulação”, frisou Paulo Raimundo.
PCP e BE queriam cortar a lei dos solos pela raiz, mas foi aprovada na generalidade e o Presidente da República espera para ver como fica no fim.
Em dezembro, Marcelo promulgou o diploma do Governo, mas considerou que a lei tinha uma entorse significativa.