Pediam esmola junto a hospitais, igrejas, terminais de metro e em zonas com mais turistas. As crianças usavam diversas técnicas, como por exemplo, placas penduradas ao pescoço onde se podia ler o porquê de estarem a pedir.
A notícia avançada pelo semanário Expresso refere que as crianças, romenas, chegaram a Portugal depois de terem sido vendidas por familiares, muitas vezes, por apenas 100 euros. Eram forçadas à mendicidade e, muitas vezes, a situações de escravidão. Muitas foram violadas.
“Estas redes aproveitam esta vulnerabilidade para explorar e para lucrar à custa destas pessoas. Por isso, efetivamente, é necessário um olhar atento da sociedade em geral e um olhar atento dos profissionais especializados em particular, para a sinalização adequada e para a identificação de potenciais vítimas de tráfico de seres humanos nestes contextos”, explica Marta Pereira, associação para o planeamento da família
Foi neste contexto que uma jovem agora encontrada na Geórgia chegou ao norte do país. De nacionalidade romena, tinha 15 anos quando em 2019 foi sinalizada em Viseu. Encontrava-se grávida e foi levada pelas autoridades para a maternidade Júlio Dinis no Porto.
Mas antes de entrar em trabalho de parto foi raptada por duas mulheres já identificadas, que alegadamente, pertencem a esta rede internacional de tráfico de crianças. Cinco anos depois foi encontrada a 6 mil quilómetros de Portugal. Quanto ao bebé não há qualquer informação.
De 2016 a 2020, a PSP identificou 30 crianças forçadas à mendicidade em Portugal. Cada uma chegava a angariar cerca de 500 euros diários. À Roménia, nestes quatro anos, chegou mais de meio milhão de euros. Foram abertos dois inquéritos: um em Portugal, o outro na Roménia. Há nove arguidos, todos em liberdade, todos fora do país.