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Fiscais da AT suspeitos de receber pela droga que entrava no país através dos portos de Lisboa, Sines e Setúbal

Os quatro inspetores do fisco detidos esta semana numa grande operação de combate à droga são suspeitos de serem pagos à percentagem pela cocaína que deixavam entrar no país através dos portos marítimos. Os crimes de tráfico aumentaram quase 40 por cento nas últimas três décadas.

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A operação, considerada histórica, conseguiu caçar pela primeira vez funcionários da Autoridade Tributária: quatro de uma vez. Até agora, apenas estivadores tinham sido detidos por ligações suspeitas a poderosas redes internacionais de tráfico. 

Revela o semanário Expresso que os quatro inspetores da alfândega, em cujas casas foi apreendido meio milhão de euros em notas, recebiam comissões até 20% pela droga que permitiam entrar no país sem fiscalização.

Três a quatro mil euros por cada quilo de várias toneladas de carregamentos que desaguam no país todos os anos através dos portos marítimos. 

“Estamos a ser encharcados de toneladas e toneladas de cocaína, de haxixe, de drogas sintéticas e um dia destes da grande droga que mata centenas e centenas de jovens e centenas de seres humanos nos Estados Unidos que é o Fentanil”, disse Luís Neves, Diretor Nacional da PJ.

De acordo com uma fonte judicial citada pelo Expresso, grande parte das comissões terão sido transferidas para contas bancárias em Cabo Verde. 

Os inspetores da alfândega, agora detidos depois de meses de investigação, eram conhecidos da Polícia Judiciária com quem terão colaborado no passado em outras investigações 

Um gráfico elaborado pela PJ mostra que nos últimos 30 anos os crimes de tráfico de droga aumentaram 37%, atingindo em 2023, último ano em que há registos, o valor recorde de 7750 participações. Grande parte à conta de redes internacionais como o PCC, o primeiro comando da capital, a maior e mais perigosa do Brasil.

Um dos inspetores detidos, segundo o Expresso, trabalhava no porto de Setúbal onde, nos últimos anos, terá colaborado também com um dos maiores traficantes portugueses, Xuxas, condenado há quatro meses a 20 anos de prisão. Seria pago pela rede criminosa para controlar a mercadoria dos navios provenientes da América do Sul e garantir que chegassem ao destino.